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CORRIDA MALUCA
Pode-se medir o grau de civilização de um país pela forma como seus habitantes se comportam
no trânsito. O Brasil, nesse quesito,
está reprovado. O país mata mais do
que o triplo de nações civilizadas.
Enquanto na Europa e nos EUA a
média é de duas mortes/ano por 10
mil veículos, aqui é de 6,8.
A violência sobre rodas tem alto
custo. Pesquisa inédita coordenada
pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) calcula as perdas
anuais com acidentes automobilísticos em R$ 5,3 bilhões. Para essa conta, só foram consideradas as áreas
urbanas. O item que mais pesou foi o
afastamento temporário ou definitivo do trabalho (42,8% dos custos),
seguido das despesas com os veículos (28,8%) e com o atendimento
médico-hospitalar e a reabilitação
(14,5%). As maiores perdas -a dor
de vítimas e familiares- não podem
evidentemente ser quantificadas.
É verdade que a situação já foi pior.
O Código de Trânsito Brasileiro, que
passou a vigorar em 1998, trouxe
avanços importantes. Ao obrigar o
uso do cinto de segurança em todo o
território nacional, tornou os acidentes menos letais. Ao permitir a utilização de radares, reduziu a velocidade nos centros urbanos que se valeram dessa tecnologia. O resultado
pode ser mensurado. Na cidade de
São Paulo, por exemplo, o número
de mortos por acidentes diminuiu
mais de 25% de 1999 a 2000.
Apesar da melhora, o trânsito brasileiro continua produzindo cerca de
30 mil mortos por ano. Para reduzir
essa carnificina é preciso tomar atitudes enérgicas principalmente em
alguns segmentos, como o das motos. De cada 100 acidentes com moto, 71 deixam vítimas. No caso de automóveis, a relação é de 100 para 7.
Também o álcool é um grande matador. Pesquisa feita por médicos do
Hospital das Clínicas de São Paulo
no Instituto Médico Legal revelou
que, dos 2.360 mortos no trânsito,
48,9% tinham concentração de álcool no sangue superior à permitida.
Definir políticas públicas para esses e outros calcanhares-de-aquiles
do trânsito é o primeiro passo para
que o Brasil deixe de ser um país de
bárbaros motorizados.
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