São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Males do celular

Não são conclusivas, muito ao contrário, as pesquisas relacionando o uso de telefones celulares à ocorrência de alguns tipos de câncer. Ganhou destaque no noticiário, entretanto, a decisão de um painel da OMS (Organização Mundial da Saúde), incluindo a utilização frequente dos aparelhos numa lista de outros 266 fatores "possivelmente cancerígenos" -ao lado do consumo de café e do trabalho em lavanderias.
Dos 900 itens avaliados pelo comitê, apenas um, o caprolactama -substância presente em alguns plásticos- obteve plena absolvição das suspeitas que inspirava. Novas pesquisas deverão ser feitas, afirma o relatório da OMS, até que se tenha uma avaliação definitiva dos riscos do celular.
Inexistem, portanto, razões para alarmismo. Seria exagerado, ainda assim, descartar a informação como apenas mais um sintoma do ambiente cultural de nossa época -notoriamente exposto a sucessivas ondas de medo e paranoia, justificados ou não, em matéria de saúde pública.
Houve pânico excessivo com o vírus ebola, o antraz, a gripe aviária, dirão os mais céticos. Não houvesse algum alarme, talvez medidas de prevenção terminassem chegando tarde demais, responderão os cautelosos.
De uma perspectiva menos científica do que bem-humorada, uma observação de qualquer modo se impõe. O uso excessivo de celulares, se não é certo que cause câncer, algum mal para a saúde há de fazer.
O estresse que sua solicitação contínua impõe será mais significativo, sem dúvida, do que o bem-estar oferecido a quem o emprega para a troca de trivialidades. O celular interrompe tudo -da concentração de um concertista aos instantes de intimidade conjugal; invade, com os dramas da vida alheia, os momentos de recolhimento que alguém possa ter num elevador ou numa sala de espera.
Talvez mais mortal do que o efeito térmico de suas emissões, vale acrescentar, é a prática dos motoristas que conversam longamente em seus aparelhos enquanto o automóvel segue à deriva pelas ruas da cidade.
Verdade que, em caso de acidente, o celular pode ajudar as vítimas dos males que causou... O leque de cogitações não tem fim.
Não é preciso, entretanto, o aval da OMS para recomendar, a todo falante de celular do mundo (há bilhões de assinantes no planeta): use-o com moderação.


Texto Anterior: Editoriais: Aeroportos liberados
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Esperando o PMDB
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.