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Males do celular
Não são conclusivas, muito ao
contrário, as pesquisas relacionando o uso de telefones celulares
à ocorrência de alguns tipos de
câncer. Ganhou destaque no noticiário, entretanto, a decisão de um
painel da OMS (Organização Mundial da Saúde), incluindo a utilização frequente dos aparelhos numa lista de outros 266 fatores
"possivelmente cancerígenos"
-ao lado do consumo de café e do
trabalho em lavanderias.
Dos 900 itens avaliados pelo comitê, apenas um, o caprolactama
-substância presente em alguns
plásticos- obteve plena absolvição das suspeitas que inspirava.
Novas pesquisas deverão ser feitas, afirma o relatório da OMS, até
que se tenha uma avaliação definitiva dos riscos do celular.
Inexistem, portanto, razões para alarmismo. Seria exagerado,
ainda assim, descartar a informação como apenas mais um sintoma do ambiente cultural de nossa
época -notoriamente exposto a
sucessivas ondas de medo e paranoia, justificados ou não, em matéria de saúde pública.
Houve pânico excessivo com o
vírus ebola, o antraz, a gripe aviária, dirão os mais céticos. Não
houvesse algum alarme, talvez
medidas de prevenção terminassem chegando tarde demais, responderão os cautelosos.
De uma perspectiva menos
científica do que bem-humorada,
uma observação de qualquer modo se impõe. O uso excessivo de
celulares, se não é certo que cause
câncer, algum mal para a saúde
há de fazer.
O estresse que sua solicitação
contínua impõe será mais significativo, sem dúvida, do que o bem-estar oferecido a quem o emprega
para a troca de trivialidades. O celular interrompe tudo -da concentração de um concertista aos
instantes de intimidade conjugal;
invade, com os dramas da vida
alheia, os momentos de recolhimento que alguém possa ter num
elevador ou numa sala de espera.
Talvez mais mortal do que o
efeito térmico de suas emissões,
vale acrescentar, é a prática dos
motoristas que conversam longamente em seus aparelhos enquanto o automóvel segue à deriva pelas ruas da cidade.
Verdade que, em caso de acidente, o celular pode ajudar as vítimas dos males que causou... O
leque de cogitações não tem fim.
Não é preciso, entretanto, o aval
da OMS para recomendar, a todo
falante de celular do mundo (há
bilhões de assinantes no planeta):
use-o com moderação.
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