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CARLOS HEITOR CONY
Walter Hugo Khouri
RIO DE JANEIRO - Acompanhei com
interesse a carreira de Walter Hugo
Khouri, falecido na semana passada.
Contemporâneo da fase mais agitada do cinema, ele se recusou a embarcar na onda e escolheu o seu próprio caminho, o mais difícil, por sinal.
O cinema novo, como movimento
de vanguarda, tinha a liberdade de
tentar tudo. Qualquer câmara na
mão e qualquer idéia ou falta de
idéia na cabeça, e pronto, saía um filme, que as circunstâncias da época
transformavam em obra fundamental e prima.
Khouri escolheu a trilha mais problemática, que o colocaria em confronto não com os gênios do cinema
novo, que eram muitos, eram todos.
Seu confronto seria com mestres que
admirava, como Bergman e Antonioni, cineastas de outras culturas,
servidos por recursos impossíveis de
aqui serem obtidos, como a qualidade do som e da luz.
E buscou a temática universal, que
não dividia a humanidade em bons e
maus, em heróis e vilões, em pró ou
contra o latifúndio, pró e contra isso
ou aquilo.
Talvez tenha exagerado na insistência com que abordou o desafio do
sexo, mas o fez com seriedade, sem
apelos comerciais, sem caricaturar a
questão, como acontecia no cinema
novo, que, tratando de coisas julgadas mais sérias na ocasião, como a
redenção do povo, a urgência da reforma agrária e a luta contra a opressão capitalista, sempre que abordava
o sexo o fazia com o exagero da farsa
e o mau gosto da grossura.
Outro dia, vi na TV um de seus filmes desdenhados pela crítica nacional, falado em inglês, legendado em
português, com luz, som, fotografia e
enquadramentos de um filme estrangeiro, fruto da insistência com que
Walter Hugo Khouri respondia às
críticas que o perseguiam desde os
primeiros filmes.
E coisa rara: não mudei de canal,
coisa que geralmente faço quando
encontro, na tela, um coronel nordestino mandando surrar o coitado que
se esqueceu de ordenhar a vaca de estimação,
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