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IGOR GIELOW
Segundo round
BRASÍLIA - Independentemente
do desfecho do capítulo Sarney, a
crise do Senado reabre suas portas
hoje. Elas nunca foram fechadas de
fato, mas o picadeiro, digo, o palco,
estava desativado pelo recesso parlamentar que acaba hoje.
Engana-se quem pensa que uma
troca do presidente irá arrefecer a
convulsão. Desta vez, ainda que haja a personalização na figura de Sarney, a crise tem em sua base uma
disputa orgânica do funcionalismo
da Casa.
Logo, dificilmente as rusgas entre os grupos que lutam pelo espólio da era Agaciel Maia como diretor-geral irão cessar. Novas e velhas
denúncias continuarão brotando.
Além disso, em termos estritamente políticos, a CPI da Petrobras
está à mão. O governo vai tratorar,
mas é uma CPI, aquela entidade mítica que "todos sabem como começa, mas ninguém sabe como acaba",
como reza o ditado candango.
Matéria-prima para o funcionamento da comissão não falta. Dos
recursos para a Fundação Sarney às
malfeitorias com as generosas verbas de publicidade e patrocínio cultural da entidade, a lista é enorme e com potencial de manter a CPI no
radar facilmente no ano eleitoral de
2010.
A posição da estatal, que até blog
para defesa prévia inventou sob a
desculpa de "uma nova forma de
comunicação direta com o público",
é de confronto. O governo já deixou
claro que irá vitimizar a empresa,
acusando uma oposição privatizante. Haverá mais passeatas da UNE
ou da CUT, provavelmente bancadas pela Petrobras, desfraldando alguma bravata contra os "impatrióticos". É do jogo.
Resta então descobrir como a
oposição vai agir. Se compra a briga
ou se os telefonemas que virão dos
generosos fornecedores da Petrobras que podem virar alvo de investigação lembrando que no ano que
vem teremos eleições irão amaciar
corações. De qualquer forma, o clima irá fechar.
igor.gielow@uol.com.br
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