São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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ENTRE FALCÕES E POMBOS

O mundo está à espera de uma definição. Trata-se de saber se os EUA vão atacar o Iraque e, na hipótese afirmativa, quando. Aparentemente, o próprio núcleo da administração Bush está dividido. De um lado, há a linha dura militarista, os "falcões", liderada pelo vice-presidente, Dick Cheney, e pelo secretário de Defesa, Donald Rumsfeld. No pólo oposto, dos "pombos", desponta como figura de maior relevância o secretário de Estado, Colin Powell.
Ao que tudo indica, eles estão de acordo quanto a um ponto: o ditador Saddam Hussein deve ser derrubado. Mas, enquanto o grupo dos "falcões" defende ação militar tão logo seja possível -a partir de novembro ou dezembro, quando as tórridas temperaturas dos desertos árabes amainarem-, o dos "pombos" reconhece que os EUA não podem agir sem mínimo apoio internacional.
Num gesto de distensão, Powell defendeu que os inspetores de armas das Nações Unidas voltem ao Iraque. Essa posição contrasta com declarações de Cheney de que um eventual retorno dos inspetores poderia ser até contraproducente, ao dar uma "falsa sensação de conforto".
É difícil saber qual facção prevalecerá. Há informações de que o debate se instalou no próprio partido de Bush. Para os duros, a falta de apoio de outros países não é problema. Os EUA podem derrotar o Iraque facilmente e, se deixarem claro que vão atacar de qualquer maneira, as nações hesitantes teriam que acompanhá-los. Levar a questão à ONU e pressionar pela volta dos inspetores é fazer o jogo de Saddam, sustentam.
Os moderados temem as consequências de uma operação solitária de Washington. O Oriente Médio, que já não é uma região hospitaleira para os EUA, poderia ficar bastante desestabilizado. Tentar obter um mandato da ONU para agir tenderia pelo menos a evitar algumas das piores consequências.
Resta agora esperar que George W. Bush refreie seus instintos e não penda para o lado dos "falcões".



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