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ENTRE FALCÕES E POMBOS
O mundo está à espera de uma
definição. Trata-se de saber se
os EUA vão atacar o Iraque e, na hipótese afirmativa, quando. Aparentemente, o próprio núcleo da administração Bush está dividido. De um
lado, há a linha dura militarista, os
"falcões", liderada pelo vice-presidente, Dick Cheney, e pelo secretário
de Defesa, Donald Rumsfeld. No pólo oposto, dos "pombos", desponta
como figura de maior relevância o
secretário de Estado, Colin Powell.
Ao que tudo indica, eles estão de
acordo quanto a um ponto: o ditador
Saddam Hussein deve ser derrubado. Mas, enquanto o grupo dos "falcões" defende ação militar tão logo
seja possível -a partir de novembro
ou dezembro, quando as tórridas
temperaturas dos desertos árabes
amainarem-, o dos "pombos" reconhece que os EUA não podem agir
sem mínimo apoio internacional.
Num gesto de distensão, Powell
defendeu que os inspetores de armas
das Nações Unidas voltem ao Iraque.
Essa posição contrasta com declarações de Cheney de que um eventual
retorno dos inspetores poderia ser
até contraproducente, ao dar uma
"falsa sensação de conforto".
É difícil saber qual facção prevalecerá. Há informações de que o debate se instalou no próprio partido de
Bush. Para os duros, a falta de apoio
de outros países não é problema. Os
EUA podem derrotar o Iraque facilmente e, se deixarem claro que vão
atacar de qualquer maneira, as nações hesitantes teriam que acompanhá-los. Levar a questão à ONU e
pressionar pela volta dos inspetores
é fazer o jogo de Saddam, sustentam.
Os moderados temem as consequências de uma operação solitária
de Washington. O Oriente Médio,
que já não é uma região hospitaleira
para os EUA, poderia ficar bastante
desestabilizado. Tentar obter um
mandato da ONU para agir tenderia
pelo menos a evitar algumas das piores consequências.
Resta agora esperar que George W.
Bush refreie seus instintos e não penda para o lado dos "falcões".
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