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CARLOS HEITOR CONY
Os quatro atacam novamente
RIO DE JANEIRO - Crônica da semana passada, intitulada "Cavaleiros
do Apocalipse", provocou exatas
quatro mensagens de leitores que
protestaram por ter o cronista, metido no mesmo saco, os quatro candidatos presidenciais.
Não falei mal deles, tampouco falei
bem. A insistência com que ocuparam todos os espaços da mídia me fizeram lembrar os quatro Cavaleiros
do Apocalipse, aqueles que, segundo
o vidente de Patmos e o filme homônimo do Vincente Minelli, varreriam
a Terra com a peste, a fome, a guerra
e a morte.
Os quatro e-mails vieram da mesma cidade: São Paulo. O primeiro reclamava de eu ter incluído Lula na
cavalgada apocalíptica. Eu teria razão quanto a Ciro, Serra e Garotinho,
mas Lula não, não podia ser comparado com os outros.
Os e-mails seguintes tinham mais
ou menos o mesmo teor, variando
apenas o nome daquele que ""não podia ser comparado com os outros".
Acontece comigo o mesmo que
aconteceu com Luís Carlos Prestes
quando saiu da prisão e teve de se decidir entre o brigadeiro Eduardo Gomes e o general Eurico Dutra na eleição de 1946. Com seu prestígio de herói dos 18 do Forte, o brigadeiro conseguira abalar a ditadura de Vargas.
O general fora o condestável do regime totalitário, mantivera unidas as
Forças Armadas para dar apoio ao
ditador na paz e na guerra.
Prestes preferiu lançar um outro
candidato, sem nenhuma chance,
um tal de Fiúza, que depois ganharia
o apelido de "rato Fiuza". E explicou:
"Não vejo nenhuma diferença entre o
general e o brigadeiro. Do meu ponto
de vista, são a mesma coisa".
Fiquei pasmo. As diferenças entre
os dois eram tão grandes que o povo
chegava a dizer que o brigadeiro era
bonito e o Dutra era o homem mais
feio da paisagem nacional. Isso sem
falar no resto.
O tempo passou e dobrou os dois
cavaleiros para quatro.
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