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AMAZÔNIA EM CHAMAS
A região amazônica, em termos de
desenvolvimento econômico, ainda
está muito aquém do potencial. A onda recente de queimadas, entretanto,
mais uma vez traz à tona os riscos da
ocupação destrutiva do território,
que há anos vem sendo denunciada
pelos ambientalistas.
É bom evitar a ingenuidade romântica quando se trata das relações entre desenvolvimento econômico e
preservação do meio ambiente. Afinal, a preservação total da natureza
significaria em última análise renunciar à ocupação territorial.
Mas, quando a extensão das queimadas chega a prejudicar a operação
de aeroportos ou provoca um aumento significativo dos casos de distúrbios respiratórios nos hospitais
de Manaus, parece evidente que estão ocorrendo exageros inaceitáveis.
A lista de problemas é longa e intrincada e nelas está incluída a própria racionalidade da ocupação. De
resto, por trás da extração ilegal de
madeira em reservas indígenas ou do
desmatamento irregular estão as
ocupações de terras por grileiros ou a
falta de apoio para atividades tradicionais, como a dos seringueiros,
para ficar em alguns exemplos.
Como se já não bastasse, as dimensões do território são continentais:
só o mapa do Pará engoliria 13 mapas
de Portugal ou 30 Holandas. Para fiscalizar toda essa extensão, o Ibama
conta com minguados 64 fiscais.
A gravidade é tal que o presidente
da República se diz impotente. Em
março, quando ocorreu a conferência Rio+5, FHC admitiu que "nessas
regiões, quase não há Estado". Os
satélites mostram as queimadas e
derrubadas, mas o presidente deveria
assumir um compromisso mais firme com a defesa da Amazônia.
Entretanto, a agenda ambiental não
se limita a verbas e fiscais. Está em
questão hoje a própria fusão das
questões de irrigação e meio ambiente num mesmo ministério.
A criação de pastas no governo federal nunca foi garantia de prioridade ou de visão estratégica. Mas pode-se dizer que o governo faz menos
que o mínimo para evitar a queima
das reservas ambientais brasileiras.
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