São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

O PT tem Marta ou Marta

BRASÍLIA - Para Serra, ou vai ou racha. Para Alckmin, tudo ou nada. Para Kassab, o que vier é lucro. E para Marta Suplicy? Ao contrário de todos os seus oponentes, Marta entrou na disputa menos por precisar e desesperadamente querer e mais porque o PT precisava e desesperadamente queria. Isso faz toda a diferença no balanço de perdas e ganhos.
A tendência é que Marta vença no domingo, mas tenha um segundo turno duríssimo pela frente. Vai se chocar de frente com a força do governo do Estado e da prefeitura, carregando a sua própria taxa de rejeição e o teto do seu partido na capital. Dê no que dê, ela tem o direito de reclamar os bônus para si e de dividir o ônus com o PT.
Marta é boa de briga e gosta de campanhas, mas ela estava tranqüila no Turismo e foram buscá-la em casa por absoluta falta de alternativa, depois que candidatos potenciais caíram como castelo de cartas com o sopro de mensalões e cuecões. Só sobrou Marta. Se ganhar, ótimo para todos. Se perder, ruim para ela e para os outros, mas ela poderá até mesmo escolher a volta a um ministério. Lula e o PT terão condições de negá-lo? A falta de quadros competitivos, aliás, é um dos fortes da eleição paulistana, em que tudo gira em torno de Alckmin, Marta e Serra, incorporado em Kassab, além do velho Paulo Maluf. A única originalidade é a Soninha, PPS, ex-PT, que deu cor, voz e uma postura diferentes à disputa, provocando uma polarização curiosa e, digamos, auspiciosa entre ela e Maluf. No último debate, ele mentia descaradamente, o que não é novidade. E ela respondia jovial e sinceramente, o que é uma baita novidade.
O domingo encerra uma fase da campanha. No segundo turno -como Alckmin sentiu na pele em 2006- começa tudo de novo. A vida de Marta vai ficar difícil, mas o problema é mais do PT do que dela, que, vença ou não, tem vaga cativa na disputa pelo governo em 2010.

elianec@uol.com.br



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