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ELIANE CANTANHÊDE
O PT tem Marta ou Marta
BRASÍLIA - Para Serra, ou vai ou
racha. Para Alckmin, tudo ou nada.
Para Kassab, o que vier é lucro. E
para Marta Suplicy?
Ao contrário de todos os seus
oponentes, Marta entrou na disputa menos por precisar e desesperadamente querer e mais porque o PT
precisava e desesperadamente queria. Isso faz toda a diferença no balanço de perdas e ganhos.
A tendência é que Marta vença no
domingo, mas tenha um segundo
turno duríssimo pela frente. Vai se
chocar de frente com a força do governo do Estado e da prefeitura,
carregando a sua própria taxa de rejeição e o teto do seu partido na capital. Dê no que dê, ela tem o direito
de reclamar os bônus para si e de dividir o ônus com o PT.
Marta é boa de briga e gosta de
campanhas, mas ela estava tranqüila no Turismo e foram buscá-la em
casa por absoluta falta de alternativa, depois que candidatos potenciais caíram como castelo de cartas
com o sopro de mensalões e cuecões. Só sobrou Marta. Se ganhar,
ótimo para todos. Se perder, ruim
para ela e para os outros, mas ela
poderá até mesmo escolher a volta
a um ministério. Lula e o PT terão
condições de negá-lo?
A falta de quadros competitivos,
aliás, é um dos fortes da eleição
paulistana, em que tudo gira em
torno de Alckmin, Marta e Serra,
incorporado em Kassab, além do
velho Paulo Maluf. A única originalidade é a Soninha, PPS, ex-PT, que
deu cor, voz e uma postura diferentes à disputa, provocando uma polarização curiosa e, digamos, auspiciosa entre ela e Maluf. No último
debate, ele mentia descaradamente, o que não é novidade. E ela respondia jovial e sinceramente, o que
é uma baita novidade.
O domingo encerra uma fase da
campanha. No segundo turno -como Alckmin sentiu na pele em
2006- começa tudo de novo. A vida
de Marta vai ficar difícil, mas o problema é mais do PT do que dela,
que, vença ou não, tem vaga cativa
na disputa pelo governo em 2010.
elianec@uol.com.br
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