São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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PLÍNIO FRAGA

A mão de Deus na eleição

RIO DE JANEIRO - Tempo diminuto no horário gratuito do rádio e na TV, isolamento partidário, menos dinheiro do que os adversários e dificuldade de penetração no eleitorado mais abastado e escolarizado explicam por que o senador Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, perdeu a dianteira na disputa pela Prefeitura do Rio em um mês e meio de campanha. Mas o fato de, apesar de tudo isso, ainda ter chances reais de chegar ao segundo turno -numa disputa acirrada com Fernando Gabeira (PV), num empate técnico (19% a 17%)- merece uma análise mais detalhada.
Crivella foi eleito senador em 2002, obtendo no município do Rio 21,6% dos votos válidos (excetuados os nulos e em branco). Dois anos depois, ao tentar ser candidato a prefeito do Rio pela primeira vez, conseguiu o segundo lugar, com 21,8% dos válidos. Em 2006, na disputa pelo governo do Estado, o senador do PRB obteve no município 16,3% dos votos válidos.
Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, em votos válidos, Paes tem 33%, Crivella, 21%, Gabeira, 19%, e Jandira, 13%. Ou seja, Crivella tem um eleitorado mais ou menos constante no Rio desde 2002 -um cabedal de quase 1 milhão dos 4,5 milhões de eleitores da cidade.
A pesquisa Datafolha permite localizá-los claramente: são os mais pobres, menos escolarizados e, sobretudo, os evangélicos. Na divisão dos eleitores por religião, Crivella tem 45% dos votos dos evangélicos pentecostais (de igrejas como a Universal do Reino de Deus e a Assembléia de Deus) e 36% dos não-pentecostais (fiéis de igrejas protestantes surgidas de cismas católicos). Seu universo de votos murcha para 8% entre os católicos, 6% entre os umbandistas e 3% entre os espíritas. Se dependesse desses três grupos, o segundo turno já estaria definido entre Paes e Gabeira.


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