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PLÍNIO FRAGA
A mão de Deus na eleição
RIO DE JANEIRO - Tempo diminuto no horário gratuito do rádio e
na TV, isolamento partidário, menos dinheiro do que os adversários
e dificuldade de penetração no eleitorado mais abastado e escolarizado explicam por que o senador
Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do
Reino de Deus, perdeu a dianteira
na disputa pela Prefeitura do Rio
em um mês e meio de campanha.
Mas o fato de, apesar de tudo isso,
ainda ter chances reais de chegar ao
segundo turno -numa disputa
acirrada com Fernando Gabeira
(PV), num empate técnico (19% a
17%)- merece uma análise mais
detalhada.
Crivella foi eleito senador em
2002, obtendo no município do Rio
21,6% dos votos válidos (excetuados os nulos e em branco). Dois
anos depois, ao tentar ser candidato
a prefeito do Rio pela primeira vez,
conseguiu o segundo lugar, com
21,8% dos válidos. Em 2006, na disputa pelo governo do Estado, o senador do PRB obteve no município
16,3% dos votos válidos.
Na pesquisa Datafolha divulgada
ontem, em votos válidos, Paes tem
33%, Crivella, 21%, Gabeira, 19%, e
Jandira, 13%. Ou seja, Crivella tem
um eleitorado mais ou menos constante no Rio desde 2002 -um cabedal de quase 1 milhão dos 4,5 milhões de eleitores da cidade.
A pesquisa Datafolha permite localizá-los claramente: são os mais
pobres, menos escolarizados e, sobretudo, os evangélicos. Na divisão
dos eleitores por religião, Crivella
tem 45% dos votos dos evangélicos
pentecostais (de igrejas como a
Universal do Reino de Deus e a Assembléia de Deus) e 36% dos não-pentecostais (fiéis de igrejas protestantes surgidas de cismas católicos). Seu universo de votos murcha
para 8% entre os católicos, 6% entre os umbandistas e 3% entre os
espíritas. Se dependesse desses três
grupos, o segundo turno já estaria
definido entre Paes e Gabeira.
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