São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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MAIS RESERVAS

O Banco Central estima que o fluxo de capital externo para o país ao longo de 2004 deve resultar num "excesso" em torno de US$ 10,1 bilhões no mercado de câmbio, devido ao desempenho da balança comercial e à entrada de investimento estrangeiro direto. Esse fluxo tem permitido a redução do endividamento do país, uma vez que o setor privado vem optando por não renovar a totalidade dos seus compromissos em moeda estrangeira.
Essa liquidez no mercado de câmbio oferece uma boa ocasião para que o BC e o Tesouro Nacional procurem reforçar as reservas internacionais do país. Desde fevereiro nenhuma operação no mercado cambial doméstico foi realizada por essas instituições.
Em setembro, as reservas internacionais (excluindo os aportes de recursos do FMI) estavam em US$ 22,9 bilhões, um patamar muito baixo se comparado ao de outras economias emergentes. O México conta com praticamente o triplo e a Coréia do Sul com cerca de US$ 150 bilhões. Esse acúmulo facilita a estabilização das moedas e a implementação de políticas de crescimento voltadas tanto para os mercados internos quanto para as exportações.
No ano que vem, a situação brasileira pode se tornar mais problemática, pois o BC estima que haverá queda nas reservas e estão previstos vencimentos de dívidas externas de cerca de US$ 36,5 bilhões -sendo US$ 9,6 bilhões do setor público.
Reforçar as reservas é também uma maneira de monitorar o nível da taxa de câmbio, evitando que uma valorização excessiva do real venha a comprometer a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e frear investimentos já programados.
O BC tem-se aproveitado da queda da cotação do dólar para conter expectativas inflacionárias, mas ao fazê-lo perde a chance de atuar com mais determinação na compra de moeda forte. É uma escolha que poderá ser custosa para o país, cuja economia ainda está por superar de maneira mais segura as suas vulnerabilidades externas.


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