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MAIS RESERVAS
O Banco Central estima que o
fluxo de capital externo para o
país ao longo de 2004 deve resultar
num "excesso" em torno de US$ 10,1
bilhões no mercado de câmbio, devido ao desempenho da balança comercial e à entrada de investimento
estrangeiro direto. Esse fluxo tem
permitido a redução do endividamento do país, uma vez que o setor
privado vem optando por não renovar a totalidade dos seus compromissos em moeda estrangeira.
Essa liquidez no mercado de câmbio oferece uma boa ocasião para
que o BC e o Tesouro Nacional procurem reforçar as reservas internacionais do país. Desde fevereiro nenhuma operação no mercado cambial doméstico foi realizada por essas instituições.
Em setembro, as reservas internacionais (excluindo os aportes de recursos do FMI) estavam em US$ 22,9
bilhões, um patamar muito baixo se
comparado ao de outras economias
emergentes. O México conta com
praticamente o triplo e a Coréia do
Sul com cerca de US$ 150 bilhões.
Esse acúmulo facilita a estabilização
das moedas e a implementação de
políticas de crescimento voltadas
tanto para os mercados internos
quanto para as exportações.
No ano que vem, a situação brasileira pode se tornar mais problemática, pois o BC estima que haverá queda nas reservas e estão previstos vencimentos de dívidas externas de cerca
de US$ 36,5 bilhões -sendo US$ 9,6
bilhões do setor público.
Reforçar as reservas é também uma
maneira de monitorar o nível da taxa
de câmbio, evitando que uma valorização excessiva do real venha a comprometer a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e frear
investimentos já programados.
O BC tem-se aproveitado da queda
da cotação do dólar para conter expectativas inflacionárias, mas ao fazê-lo perde a chance de atuar com
mais determinação na compra de
moeda forte. É uma escolha que poderá ser custosa para o país, cuja economia ainda está por superar de maneira mais segura as suas vulnerabilidades externas.
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