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CLÓVIS ROSSI
Diferenças
MIAMI - Peço perdão ao leitor por cenas explícitas de sociologia de botequim. Mas entenda por favor: eu
queria escrever sobre o novo presidente dos Estados Unidos, mas já são,
aqui em Miami, quase 17 horas (quase 20 horas, portanto, em Brasília),
esta página tem de ser fechada e as
urnas norte-americanas continuam
colhendo votos.
Seguinte: fico com a impressão de
que uma das grandes diferenças entre brasileiros e norte-americanos é
que nós estabelecemos uma penca de
regras, sempre achamos que os outros não vão cumpri-las e, portanto,
devem ser vigiados de perto.
Já os americanos criam regras,
também, mas em menor número e,
quase sempre, mais simples. E acreditam que elas serão respeitadas, o que
dispensa uma vigilância maior. Claro que não estou me referindo a terroristas, que têm de ser vigiados no
Brasil, nos Estados Unidos, em Bora-Bora ou onde quer que seja.
No Brasil, para entrar em uma seção eleitoral, você tem de mostrar o
título e provar, portanto, que vota
naquela seção. Aqui, começa por não
haver título.
Eu, que nem norte-americano sou,
fui entrando no Clark Center, o principal centro de votação antecipada
de Miami, sem o menor problema, a
menor restrição. Aliás, nem havia policiais por perto.
Bastou abrir a porta e, pimba, lá estava diretamente ao lado das máquinas de votação. Diga-se que as nossas
são bem mais práticas, mas essa é outra história.
Encostei em um dos monitores que
ensinava um senhor de idade bem
avançada a usar a máquina, passo a
passo. Se quisesse, poderia até ter dado um palpite qualquer, sugerindo
que o cidadão votasse em ..., bom,
deixa para lá.
Pergunto-me (e a você também, leitor): não será que essa diferença é
uma das muitas razões pelas quais os
EUA são a maior potência que o
mundo jamais conheceu, enquanto a
gente patina, patina, patina e mal sai
do lugar?
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