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TENDÊNCIAS/DEBATES
Inovar para desenvolver
RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA
Acabo de retornar de Lisboa, onde
participei de mais uma rodada do
Fórum Euro-Latino-Americano, idealizado e concretizado há 17 anos por portugueses e brasileiros. A convergência
entre blocos econômicos precisa de reuniões como essa, para o aprofundamento das idéias e a convivência entre pontos de vista distintos e variadas experiências.
Durante três dias, acadêmicos, empresários, diplomatas, políticos e estudantes lusitanos e brasileiros debateram, no magnífico Centro de Congressos de Lisboa, a cooperação entre União
Européia e Mercosul com foco em investimentos, inovação e mutações sociais.
Como é sabido, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia voltou ao banho-maria quando o
negociador europeu, Pascal Lamy, deixou o cargo. Peter Mandelson, britânico, assumiu e avisou: "A substância tem
precedência sobre o calendário". O
Mercosul rejeitou a proposta européia
devido às baixas cotas de importação
para produtos relevantes, como a carne.
A União Européia vive momentos desafiadores, com o ingresso de mais dez
países, que se juntaram aos outros 15, à
espera do 26º, a Turquia. São 400 milhões de pessoas que habitam a área
compreendida pela União Européia. A
UE nasceu do desejo de assegurar a paz
na Europa e é essa que continua a ser a
sua essência.
O Mercosul, apesar dos problemas
que vem enfrentando, principalmente
em conseqüência de assimetrias de tamanho, de competitividade, de situações conjunturais, vai resolvendo seus
problemas e tende a se tornar um bloco
respeitado neste mundo globalizado. O
Brasil, por ser o maior país em dimensão continental e econômica e por exercer neste semestre a sua presidência,
tem responsabilidade acrescida na condução das questões.
O avanço das negociações entre UE e Mercosul encontra sérios obstáculos, notadamente na agenda agrícola
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A relação entre UE e Mercosul baseia-se numa visão convergente do mundo e
dos valores que sustentam os respectivos projetos de integração. É por isso
que o Mercosul tem sido denominado
de "sister project" -embora seja política, econômica e fisicamente bem distinto do irmão mais velho (União Européia), enfrenta desafios comuns, para os
quais entende também que uma resposta comum reunirá o interesse de todos.
O avanço das negociações entre UE e
Mercosul encontra sérios obstáculos,
notadamente na agenda agrícola. Outra
barreira ao progresso das negociações é
a falta de integração política e econômica do Mercosul.
Na reunião de Lisboa, o foco dos trabalhos foi o relançamento da cooperação União Européia-Mercosul, com ênfase nos investimentos, inovação e mutações sociais.
O Fórum Euro-Latino-Americano
pode contribuir para o avanço do acordo-quadro, pois é o único foro que reúne diplomatas, políticos, empresários,
trabalhadores e acadêmicos em igualdade de condições.
Inovar para desenvolver foi o tema do
Fórum de Lisboa e é um objetivo que
deve ser perseguido pelos dois grandes
blocos, União Européia e Mercosul.
Ruy Martins Altenfelder Silva, 65, advogado, é
presidente do Instituto Roberto Simonsen. Foi
secretário da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São
Paulo (2001-2002).
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