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Brasil pentecostal
ESTE NÃO é só o maior país católico, com quase 140 milhões de fiéis, como também o mais pentecostal. Segundo a World Christian Database,
são 24 milhões de seguidores das
igrejas pentecostais, o mais fértil
ramo do protestantismo.
Há quatro vezes mais pentecostalistas aqui do que nos Estados Unidos. A nação de origem
dessas religiões abriga 5,8 milhões de fiéis. A vertente religiosa surgiu por lá, no século 20, da
insatisfação com uma suposta
falta de fervor evangélico. Valoriza o poder do Espírito Santo, da
qual deriva seu nome (o Pentecostes festeja a descida do Espírito Santo sobre apóstolos).
Dos EUA, a novidade se disseminou pelo Brasil. Nasceu uma
primeira geração de igrejas, como Assembléia de Deus e Brasil
para Cristo. Depois vieram as
neopentecostais, como Igreja
Universal do Reino de Deus e Renascer em Cristo.
No Censo de 1940 havia 2,6%
de brasileiros evangélicos. No de
2000, a parcela já era de 15,4%.
Existem muitas explicações para
o sucesso dessas religiões no
Brasil, que não serão abordadas
aqui. Sua aclimatação, porém,
comporta facetas dignas de nota,
como revela pesquisa de opinião
da fundação americana Pew com
pentecostalistas de dez países.
Em geral os fiéis brasileiros sobressaem como mais tolerantes:
37% aceitam o divórcio, 76% o
homossexualismo e 72% acham
que nunca se deve beber álcool
(percentuais relativamente baixos, diante da margem de 80-90% em outras nações).
Como assinalou o sociólogo
Reginaldo Prandi, o interesse da
pesquisa está em mostrar que a
religião não é a única fonte de valores para esses fiéis. Parece que
o arraigado hábito brasileiro de
abrandar doutrinas importadas
não poupou nem mesmo o rígido
zelo evangélico.
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