São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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Brasil pentecostal

ESTE NÃO é só o maior país católico, com quase 140 milhões de fiéis, como também o mais pentecostal. Segundo a World Christian Database, são 24 milhões de seguidores das igrejas pentecostais, o mais fértil ramo do protestantismo.
Há quatro vezes mais pentecostalistas aqui do que nos Estados Unidos. A nação de origem dessas religiões abriga 5,8 milhões de fiéis. A vertente religiosa surgiu por lá, no século 20, da insatisfação com uma suposta falta de fervor evangélico. Valoriza o poder do Espírito Santo, da qual deriva seu nome (o Pentecostes festeja a descida do Espírito Santo sobre apóstolos).
Dos EUA, a novidade se disseminou pelo Brasil. Nasceu uma primeira geração de igrejas, como Assembléia de Deus e Brasil para Cristo. Depois vieram as neopentecostais, como Igreja Universal do Reino de Deus e Renascer em Cristo.
No Censo de 1940 havia 2,6% de brasileiros evangélicos. No de 2000, a parcela já era de 15,4%. Existem muitas explicações para o sucesso dessas religiões no Brasil, que não serão abordadas aqui. Sua aclimatação, porém, comporta facetas dignas de nota, como revela pesquisa de opinião da fundação americana Pew com pentecostalistas de dez países.
Em geral os fiéis brasileiros sobressaem como mais tolerantes: 37% aceitam o divórcio, 76% o homossexualismo e 72% acham que nunca se deve beber álcool (percentuais relativamente baixos, diante da margem de 80-90% em outras nações).
Como assinalou o sociólogo Reginaldo Prandi, o interesse da pesquisa está em mostrar que a religião não é a única fonte de valores para esses fiéis. Parece que o arraigado hábito brasileiro de abrandar doutrinas importadas não poupou nem mesmo o rígido zelo evangélico.


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