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ELIANE CANTANHÊDE
O rastro da vitória
BRASÍLIA - A vitória do PT para a
presidência da Câmara corresponde à confirmação de que o partido
de Lula só sabe entrar no palco como protagonista e não aceita dividir
holofotes -muito menos poder-
com os aliados. O PC do B de Aldo
Rebelo tentou e dançou. O PPS (ex-PCB) sabia que era fria, mas está
dançando do mesmo jeito.
Mas o PT estava correto do ponto
de vista político em disputar para
ganhar a presidência da Câmara,
alavanca poderosa para recuperar o
prestígio do próprio partido, o espaço de aloprados e mensaleiros e
algo fundamental: altivez na relação com o Planalto. O PT é aliado,
claro, mas não quer mais aceitar
prato pronto. Ou diz que não.
Fragilizado pela perda em série
de Dirceu, Palocci, Gushiken, João
Paulo Cunha e outros menos cotados, o partido tem agora a Presidência da República, a presidência da
Câmara e, enfim, quem preencha a
lacuna de liderança e de capacidade
de articulação.
Com Arlindo Chinaglia, sobe a estrela, por exemplo, do seu braço direito, Cândido Vaccarezza. Esse é
do ramo. Sabe muitíssimo bem a
importância do "é dando que se recebe" e tem sintonia fina com Marta Suplicy e José Dirceu, dois outros
vitoriosos, por tabela.
Se o PT sobe, a oposição desce. A
base governista rachou ao meio,
mas pelo menos ganhou. Lula e seu
novo eixo de poder, PT-PMDB, têm
instrumentos para uma boa recauchutagem. Já o PSDB rachou para
nada e tem pouco para oferecer em
troca da união. E o PFL parece até
unido, mas já não se sabe em torno
de quem, nem de quê.
Lula vai ter que usar de muito
mercúrio e de muita paciência para
agregar a base governista, mas conta com a sorte. Se a sua base está assim, o outro lado parece bem pior.
O PT sabe para onde vai, Lula sabe o que quer. Mas o horizonte do
PSDB é uma incógnita, o do PFL parece cada vez mais negro e o do PPS
simplesmente inexiste.
elianec@uol.com.br
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