São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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PLÍNIO FRAGA

As velhas Forças Armadas

RIO DE JANEIRO - Excelência gerencial, otimização de gestão, maximização de recursos, aperfeiçoamento de pessoal. Os termos parecem saídos do manual de uma empresa moderna, mas, na realidade, estão presentes no mapa para implantação de um sistema de gestão estratégica do Exército, concluído no ano passado. O mapa em si parece um esforço de modernização, mas esse empenho está muito aquém da renovação que as Forças Armadas necessitam.
Reportagem de Mário Magalhães na Folha de hoje -que mostra que o arquivo do extinto Serviço Nacional de Informações, sob guarda da União, sofreu uma "limpeza", na qual foram suprimidos documentos- comprova uma vez mais que as Forças Armadas estão distantes de democratizar-se, renovar-se e tornar-se parceira dos cidadãos.
No "Valor", Amir Labaki relatou que o documentário "Ghosts of Abu Ghraib", exibido com sucesso no Sundance Festival 2007, apresenta depoimento de um jornalista que diz que algumas técnicas de tortura usada pelos EUA no Iraque foram desenvolvidas pelos militares brasileiros.
A história mostra que foi o Exército americano quem qualificou o brasileiro em matéria de tortura. Nada impede que técnicas tenham se desenvolvido aqui -afinal, os porões são laboratórios desprovidos de ética-, mas é mais crível que a patente original seja americana.
O problema é que as Forças Armadas brasileiras nem sequer podem se defender, porque cultuam a obscuridade, como prova sua resistência em trazer à luz os arquivos da ditadura militar.
"Preservar tradições, memória e valores" é um dos itens institucionais ao qual o Exército se atribui. Nada a opor, desde que não seja uma forma de defesa de um passado de tortura, intervenção na ordem democrática e impunidade.


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