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PLÍNIO FRAGA
As velhas Forças Armadas
RIO DE JANEIRO - Excelência
gerencial, otimização de gestão,
maximização de recursos, aperfeiçoamento de pessoal. Os termos parecem saídos do manual de uma
empresa moderna, mas, na realidade, estão presentes no mapa para
implantação de um sistema de gestão estratégica do Exército, concluído no ano passado. O mapa em
si parece um esforço de modernização, mas esse empenho está muito
aquém da renovação que as Forças
Armadas necessitam.
Reportagem de Mário Magalhães
na Folha de hoje -que mostra que
o arquivo do extinto Serviço Nacional de Informações, sob guarda da
União, sofreu uma "limpeza", na
qual foram suprimidos documentos- comprova uma vez mais que
as Forças Armadas estão distantes
de democratizar-se, renovar-se e
tornar-se parceira dos cidadãos.
No "Valor", Amir Labaki relatou
que o documentário "Ghosts of
Abu Ghraib", exibido com sucesso
no Sundance Festival 2007, apresenta depoimento de um jornalista
que diz que algumas técnicas de
tortura usada pelos EUA no Iraque
foram desenvolvidas pelos militares brasileiros.
A história mostra que foi o Exército americano quem qualificou o
brasileiro em matéria de tortura.
Nada impede que técnicas tenham
se desenvolvido aqui -afinal, os
porões são laboratórios desprovidos de ética-, mas é mais crível que
a patente original seja americana.
O problema é que as Forças Armadas brasileiras nem sequer podem se defender, porque cultuam a
obscuridade, como prova sua resistência em trazer à luz os arquivos
da ditadura militar.
"Preservar tradições, memória e
valores" é um dos itens institucionais ao qual o Exército se atribui.
Nada a opor, desde que não seja
uma forma de defesa de um passado de tortura, intervenção na ordem democrática e impunidade.
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