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Editoriais
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Ensino superior e distante
DADOS DO Censo da Educação Superior de 2007 sugerem que o sistema de
ensino de terceiro grau pode estar perto de alcançar um ponto
de equilíbrio. Após vários anos
em que a taxa de criação de novas
instituições superiores beirava
os 10% anuais, entre 2006 e 2007
ela foi de mero 0,5%, passando
de 2.270 para 2.281 entidades.
Saturação do mercado, porém,
não significa que as necessidades
do país estejam atendidas. Se o
número de matrículas aumentou 8% no período, o de formandos cresceu em ritmo mais lento
(3%). Diminui a proporção entre
alunos ingressantes e concluintes, que era de 46% em 2006 e
passou para 44% em 2007.
Mais preocupante é a queda no
número de diplomados em cursos de formação de professores
para o ensino básico. Em 2007,
formaram-se 70.507 docentes,
4,5% menos que em 2006. Algumas das maiores reduções envolvem profissionais para ensinar
disciplinas obrigatórias, como
letras (-10%), geografia (-9%) e
química (-7%).
Isso num país em que ao menos 300 mil professores carecem
de qualificação apropriada para
as aulas que ministram. Eis aí
uma das principais deficiências
da educação nacional. Ela só será
sanada com o aprofundamento
de uma política de revalorização
da profissão, que começa por
uma recomposição salarial mas
não poderia esgotar-se nela.
Dada a urgência de preparar
mais e melhores professores, há
que lançar mão de todos os
meios -como o ensino a distância, que permite levar a qualificação aonde ela é mais necessária.
A boa nova do censo é que essa
modalidade conta já com 370 mil
matriculados (7% do total), contra 207 mil no ano anterior.
Falta agora criar as condições e
os requisitos de qualidade para
que esse potencial seja mobilizado na capacitação dos docentes
de que o Brasil precisa. Caso contrário, resultará apenas em mais
um canal de saturação.
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