|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Janela de oportunidade
BRASÍLIA - A história é pródiga
de exemplos políticos em que o
grande reformador de direita é o
político de esquerda e vice-versa.
Foi o republicano Richard Nixon o
responsável pelo reatamento dos
EUA com a China comunista.
Os democratas Bill Clinton, Robert Rubin e Larry Summers (hoje
com Obama) foram os ideólogos da
liberação das fusões entre bancos
comerciais e de investimento, um
dos motores da crise financeira
atual. No Brasil, a ortodoxia econômica só se estabeleceu, de fato, com
o petista Lula no poder.
Agora, no Congresso, abre-se
uma janela de oportunidade semelhante. Nada se espera do PMDB no
comando da Câmara e do Senado. O
passado da legenda é um filme de
terror. Não há como sustentar qualquer previsão otimista. Sem falar da
aliança de interesses obscuros salivando no entorno de José Sarney e
de Michel Temer.
É a chance perfeita para os dois
nomes à frente do processo. Sarney,
78 anos, e Temer, 68, chegaram a
um ponto de suas carreiras políticas no qual podem se dar ao luxo de
arriscar mais.
Ambos ao tomar posse fizeram os
discursos convencionais de sempre. Sugerem encaminhar a reforma política, a tributária. Falam em
mais transparência e em aproximar
o Congresso dos eleitores.
Seria ingênuo acreditar na liberdade de Sarney e de Temer para patrocinar determinadas reformas.
Mas os dois têm, de longe, muito
mais autonomia do que a imensa
maioria dos congressistas.
O regime dentro do Congresso é
presidencialista. Quando os presidentes da Câmara e do Senado querem algo, é meio caminho andado.
Se Sarney e Temer enfrentarem o
desafio de derrubar as resistências
de sempre, daqui a dois anos sairão
maiores do que entraram. Se deixarem prevalecer a política miúda,
confirmarão tudo o que já foi dito e
escrito sobre o PMDB.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: Paris - Clóvis Rossi: De apocalipses e heróis Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: O maior crítico de cinema Índice
|