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Oitava economia
CHAMA A ATENÇÃO que em
meio ao júbilo oficial e às
congratulações internacionais por sua boa performance
econômica, o Brasil tenha se tornado, em 2009, a oitava economia do mundo. Trata-se da mesma posição festejada pela ditadura militar como prova de que o
país não tardaria a ingressar no
clube das potências econômicas.
Depois de anos de baixo crescimento, inflação descontrolada e
alto endividamento público, antevê-se agora, em novo ciclo de
bonança, que a economia brasileira possa em duas décadas ocupar a quinta posição no ranking,
previsão razoável, mas longe de
estar assegurada.
O exame do desempenho econômico brasileiro sugere que o
país desfruta de uma condição
algo "sui generis" na comparação
com outras economias.
Por exemplo, no confronto
com países emergentes de alto
crescimento, a taxa de investimento do Brasil tem se mostrado
relativamente baixa -em média
17% do PIB entre 2000 e 2008
contra 28% na Índia e 39% na
China. Já a indústria responde
por menos de 30% do PIB brasileiro -enquanto na Rússia e na
China o percentual é de respectivamente 37% e 47%.
Mas quando se levam em conta
indicadores sociais, o Brasil em
geral supera os gigantes asiáticos, que enfrentam situações demográficas mais desafiadoras.
Já no confronto com países latino-americanos, o crescimento
da economia brasileira não foi
suficiente para superar diferenças históricas. O volume de gastos públicos do país em saúde e
educação por habitante permanece inferior ao da Argentina, do
Uruguai e do Chile -e se encontra pouco abaixo do valor despendido pela Colômbia.
No cotejo com essas nações,
são também piores os indicadores de mortalidade infantil e de
alfabetização. E a declinante Argentina ainda ostenta renda per
capita superior à brasileira. É
verdade que o Brasil tem conseguido avanços auspiciosos -mas
é prudente não se deixar cegar
pelo otimismo exagerado.
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