São Paulo, domingo, 04 de abril de 2010

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Editoriais

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Oitava economia

CHAMA A ATENÇÃO que em meio ao júbilo oficial e às congratulações internacionais por sua boa performance econômica, o Brasil tenha se tornado, em 2009, a oitava economia do mundo. Trata-se da mesma posição festejada pela ditadura militar como prova de que o país não tardaria a ingressar no clube das potências econômicas.
Depois de anos de baixo crescimento, inflação descontrolada e alto endividamento público, antevê-se agora, em novo ciclo de bonança, que a economia brasileira possa em duas décadas ocupar a quinta posição no ranking, previsão razoável, mas longe de estar assegurada.
O exame do desempenho econômico brasileiro sugere que o país desfruta de uma condição algo "sui generis" na comparação com outras economias.
Por exemplo, no confronto com países emergentes de alto crescimento, a taxa de investimento do Brasil tem se mostrado relativamente baixa -em média 17% do PIB entre 2000 e 2008 contra 28% na Índia e 39% na China. Já a indústria responde por menos de 30% do PIB brasileiro -enquanto na Rússia e na China o percentual é de respectivamente 37% e 47%.
Mas quando se levam em conta indicadores sociais, o Brasil em geral supera os gigantes asiáticos, que enfrentam situações demográficas mais desafiadoras.
Já no confronto com países latino-americanos, o crescimento da economia brasileira não foi suficiente para superar diferenças históricas. O volume de gastos públicos do país em saúde e educação por habitante permanece inferior ao da Argentina, do Uruguai e do Chile -e se encontra pouco abaixo do valor despendido pela Colômbia.
No cotejo com essas nações, são também piores os indicadores de mortalidade infantil e de alfabetização. E a declinante Argentina ainda ostenta renda per capita superior à brasileira. É verdade que o Brasil tem conseguido avanços auspiciosos -mas é prudente não se deixar cegar pelo otimismo exagerado.


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