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ERRO TÁTICO
O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, apostou,
blefou e perdeu. Sem que tivesse a
obrigação legal ou estatutária de fazê-lo, decidiu submeter seu plano de
retirada unilateral da faixa de Gaza a
um referendo de seu partido, o Likud. Fez campanha cerrada pela
aprovação. Chegou a sugerir que renunciaria se não tivesse o apoio dos
correligionários. Ainda assim, quase
60% dos membros do Likud que votaram no plebiscito disseram "não" à
proposta do premiê, que agora se vê
em sérios apuros políticos.
É claro que a ameaça de renúncia
nunca passou de um blefe. Em sua
primeira manifestação após o anúncio da derrota, Sharon excluiu completamente essa possibilidade. O
mais provável é que ele tente agora
aprovar o plano no gabinete e, em seguida, no Knesset (Parlamento). O
governo poderia até mesmo levar a
questão a um referendo nacional.
Pesquisas indicam que entre a população o apoio à retirada das tropas de
Gaza chega a 60%.
Os membros do Likud se opõem à
iniciativa porque são mais próximos
dos colonos israelenses estabelecidos em territórios ocupados, e o plano prevê a remoção de cerca de 7.500
israelenses que vivem em Gaza, rodeados por 1,3 milhão de palestinos
-algo que exige a mobilização de
um considerável aparato militar para
garantir a segurança.
É claro que a derrota também pesa
na sensível política partidária israelense. Não se pode descartar a possibilidade de que outras lideranças tentem aproveitar o momento de debilidade de Sharon para forçar novas
eleições. O premiê, além disso, corre
o risco de ser indiciado nas investigações de um escândalo de corrupção,
o que o deixaria ainda mais frágil.
Sharon cometeu, no mínimo, um
erro tático. Seu plano apresenta inúmeros e graves defeitos, mas tem a
virtude de desmantelar os assentamentos de Gaza, um passo necessário, embora não suficiente, para a
paz com os palestinos. E essa idéia
corre agora o risco de se perder.
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