BRASÍLIA - Por acaso ou não (dizem que nada é por acaso...), a volta dos militares à tona e ao noticiário coincide justamente com um governo que se diz de esquerda, o do PT.
Mas eles não estão bem na foto:
1 - Bandidos invadem um quartel da Aeronáutica no Rio, fazem militares de reféns, roubam armas e uma kombi. É quase inacreditável. Seria cômico, não fosse trágico.
2 - Entre fuzis e metralhadoras, a PM agora apreende com bandidos granadas e minas terrestres iguaizinhas às da Aeronáutica e do Exército.
3 - A nova discussão, que deve converter-se em ação, é sobre a entrada do Exército no Rio para defender a lei e a ordem. Operação delicada, mesmo que possa ser necessária.
4 - No dia 31 de março, grupos da reserva tiraram o pijama para comemorar o aniversário da "gloriosa".
5 - Militares da reserva e familiares da ativa cobraram aumento de soldo na frente do Planalto enquanto os comandantes das três Forças reclamavam em coro da pindaíba.
6 - Todo dia há reclamações de que os caças estão caindo (quase literalmente) aos pedaços, os navios afundam, os tanques empacam.
7 - Em compensação, o presidente da República e comandante-em-chefe das Forças Armadas ganha um avião novinho em folha e manda 1.300 soldados para o Haiti -que não é exatamente aqui.
A última notícia é sobre uma possível insatisfação de militares com o ministro da Defesa, o diplomata José Viegas. Estariam reclamando de contratos de "reengenharia" envolvendo amigos, de uso de carros oficiais para a família e de excesso de viagens, dentro e fora do país.
O governo já tem flancos suficientes: críticas à estagnação econômica e à paralisia da área social, greves na PF e em outras carreiras de Estado, invasões do MST e ameaças dos sem-teto nas áreas urbanas.
Os comandantes têm de controlar as queixas dos subordinados e impedir desvio de armamento. E Lula não deve abrir mais esse flanco. É o típico caso de cutucar a onça com vara curta. Curtíssima, aliás.


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