São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

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DIA SEM IMIGRANTES

O protesto de 1º de Maio em favor dos imigrantes ilegais nos EUA não chegou a paralisar o país, como esperavam alguns dos organizadores, mas serviu para mostrar que esse contingente calculado em 12 milhões de pessoas representa uma fatia considerável da população e possui alguma força econômica.
A manifestação ocorre num momento em que o Congresso americano debate uma nova legislação sobre o tema. A Câmara aprovou um projeto que transforma a imigração ilegal em crime federal, tornando mais fácil prender e deportar estrangeiros irregulares. Qualquer americano que contrate ilegais ou mesmo que os proteja -aí incluída a prestação de cuidados médicos- seria punido.
Paralelamente, tramita no Senado uma proposta mais branda, que, apesar de também destinar mais recursos a vigilância das fronteiras, não trata todos os ilegais como criminosos. Ao contrário, prevê que, ao cabo de um longo processo, conseguiriam regularizar sua situação e até mesmo obter a cidadania.
O principal grupo a defender o primeiro projeto é a direita do Partido Republicano. Com a proposta do Senado estão, a maioria da população (77%, segundo pesquisa da rede CNN), democratas, parte dos republicanos, lideranças religiosas e o próprio presidente George W. Bush.
Para tornar o debate mais apimentado, haverá em novembro eleições para renovar parte do Congresso. A baixa popularidade do presidente Bush pode levar alguns republicanos receosos de perder o cargo a apelar para a retórica antiimigração, tema popular em algumas regiões do país.
Espera-se, entretanto, que os norte-americanos, em sua larga maioria descendentes de imigrantes, saibam, no nível dos princípios, reconhecer a injustiça do projeto dos deputados, e, num plano mais pragmático, a importância econômica dos ilegais.


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