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CLÓVIS ROSSI
Balas, anos e vidas perdidas
PARIS - O site Contas Abertas desencavou ontem estudo do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) que mostra que, só no
ano de 2001, as mortes causadas pela violência nas suas diversas formas causaram perdas em valor
equivalente a R$ 20,1 bilhões à economia brasileira.
Reproduzo dados essenciais do
texto de Mariana Braga para o Contas Abertas:
"Para ter uma idéia do prejuízo
anual gerado pela violência, o custo
resultante das mortes em 2001 é
quase quatro vezes maior do que a
totalidade dos gastos globais, no
ano passado, do Ministério da Justiça, responsável por parte das políticas nacionais de segurança. Os
óbitos registrados resultaram em
um total de 4,96 milhões de anos de
vida perdidos".
Só as mortes por homicídio geraram um prejuízo de R$ 9,1 bilhões
em termos de perda de produtividade humana. O valor supera, sempre segundo o "site, o orçamento
deste ano do Ministério da Integração Nacional.
Sei que pode parecer brutal
transformar vidas humanas em
moeda, mas talvez seja a única maneira de realmente provocar algum
choque em uma sociedade anestesiada, assim como os governos (estaduais, municipais e federal).
Não por acaso, o site G1, das Organizações Globo, recolhe declarações de mais uma vítima de bala
perdida no Rio de Janeiro, a universitária e adestradora de cães Renata
Ramires Miranda, 32 anos, atingida
por um estilhaço na perna esquerda
na noite de quarta-feira, na faculdade Estácio de Sá.
Diz Renata: "Ninguém se assusta
mais com os disparos. Eu e meus
colegas já consideramos normal
ouvir barulho de tiros durante as
aulas".
Se balas perdidas e vidas igualmente perdidas já entraram para a,
digamos, normalidade, quem sabe
colocando preço nelas alguém resolva se mexer.
crossi@uol.com.br
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