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ELIANE CANTANHÊDE
Os famosos quem?
BRASÍLIA - Foi-se o tempo em
que as CPIs eram lugares de honra
para investigar e produzir efeitos.
Foi-se o tempo em que os principais cargos das CPIs eram ocupados pela elite do Congresso, depois
de uma disputa de foice por eles.
Foi-se o tempo em que os acusadores viravam heróis e os acusados
ou eram cassados ou caíam no ostracismo por pura falta de votos.
Quando o PT comandava as CPIs
contra os outros, elas eram uma beleza e levadas a sério. Depois, houve
a troca dos bancos -os "outros" assumiram o comando, e o PT, que
chegou ao poder, foi para o banco
dos réus ao lado dos "partidos mensaleiros". E as CPIs nunca mais foram as mesmas.
Nas do primeiro mandato de Lula
-a do Mensalão, por exemplo-, independentemente do excesso de
holofote e do teatro, as provas foram em profusão, os depoimentos
foram de arrepiar e houve até confissões históricas. Mas o que sobrou? Os membros da CPI ou foram
derrotados pelas urnas ou ficaram
traumatizados. E os acusados voltaram lépidos e fagueiros. Com um
detalhe: os que ainda não tinham sido absolvidos acabaram sendo pela
Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara.
Não foi surpresa, portanto, a eleição de ontem dos "famosos" Marcelo Castro (PMDB-PI), para presidir
a CPI do Apagão Aéreo, e Marco
Maia (PT-RS), para ser o relator. É
o primeiro indício de que tudo caminha para não dar em nada.
Pelo script, um brigadeiro vai explicar como funciona tecnicamente
o controle do tráfego aéreo, outro
vai descrever as obras dos aeroportos, o presidente da Anac vai falar
uma meia dúzia de bobagens e o ministro da Defesa vai defender longa
e professoralmente o Estado democrático de Direito.
O risco é de Lula, no final, ainda
dizer que "nunca houve o apagão
aéreo", como "jamais existiu o
mensalão". E a oposição vai ficar fazendo papel de boba.
elianec@uol.com.br
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