São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Os famosos quem?

BRASÍLIA - Foi-se o tempo em que as CPIs eram lugares de honra para investigar e produzir efeitos.
Foi-se o tempo em que os principais cargos das CPIs eram ocupados pela elite do Congresso, depois de uma disputa de foice por eles.
Foi-se o tempo em que os acusadores viravam heróis e os acusados ou eram cassados ou caíam no ostracismo por pura falta de votos.
Quando o PT comandava as CPIs contra os outros, elas eram uma beleza e levadas a sério. Depois, houve a troca dos bancos -os "outros" assumiram o comando, e o PT, que chegou ao poder, foi para o banco dos réus ao lado dos "partidos mensaleiros". E as CPIs nunca mais foram as mesmas.
Nas do primeiro mandato de Lula -a do Mensalão, por exemplo-, independentemente do excesso de holofote e do teatro, as provas foram em profusão, os depoimentos foram de arrepiar e houve até confissões históricas. Mas o que sobrou? Os membros da CPI ou foram derrotados pelas urnas ou ficaram traumatizados. E os acusados voltaram lépidos e fagueiros. Com um detalhe: os que ainda não tinham sido absolvidos acabaram sendo pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Não foi surpresa, portanto, a eleição de ontem dos "famosos" Marcelo Castro (PMDB-PI), para presidir a CPI do Apagão Aéreo, e Marco Maia (PT-RS), para ser o relator. É o primeiro indício de que tudo caminha para não dar em nada.
Pelo script, um brigadeiro vai explicar como funciona tecnicamente o controle do tráfego aéreo, outro vai descrever as obras dos aeroportos, o presidente da Anac vai falar uma meia dúzia de bobagens e o ministro da Defesa vai defender longa e professoralmente o Estado democrático de Direito.
O risco é de Lula, no final, ainda dizer que "nunca houve o apagão aéreo", como "jamais existiu o mensalão". E a oposição vai ficar fazendo papel de boba.


elianec@uol.com.br

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