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NELSON MOTTA
Com a massa na mão
RIO DE JANEIRO - Pilhados com
a mão na massa, políticos de todos
os partidos dizem que a culpa é do
sistema eleitoral perverso. Homens
de bem, democratas e defensores
do povo são obrigados a sujar as
mãos com recursos não-contabilizados para suas causas. Os candidatos e partidos são as vítimas, o vilão
é o sistema. E como eles querem
tornar mais limpas e democráticas
as eleições ?
Primeiro, mantendo o voto obrigatório, porque "o voto facultativo é
elitista e antidemocrático e visa
afastar o cidadão da vida política",
diz o emblemático José Genoino, e
o seu partido aplaude: a massa ainda não está preparada para não votar.
Qual a chance de esses eleitores
compulsórios votarem em bons
candidatos ? Nenhuma, zero. Porque esses votam em qualquer um,
nos piores, vendem ou anulam seus
votos, porque simplesmente não
querem votar e só o fazem porque
são obrigados. Que falta fazem esses votos? Que valor têm? Quem
precisa deles?
Aqui, o que afasta o cidadão da
política é o descrédito dos políticos.
Na França, 87% do eleitorado foi
votar. Lá, além de ser livre, o voto é
distrital, o que, em tese, permite
maior conhecimento, mais pressão
e mais fiscalização dos eleitores sobre os eleitos. Mas Genoino é contra: "porque aumenta a oligarquização burocrática".
O ideal para ele é o financiamento público das campanhas -além
dos fundos partidários e do horário
eleitoral gratuito e as listas pré-ordenadas pelos partidos. Assim, a
elite partidária escolhe os eleitos, e
depois os eleitores votam.
Enquanto isso, a campanha do
TSE na televisão adverte os faltosos: quem tem o título eleitoral cancelado "é como se não existisse".
Êpa! Diante do desempenho da
maior parte dos eleitos, os que votaram é que se sentem como se não
existissem.
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