|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Violência em São Paulo
A VIOLÊNCIA na capital paulista voltou a crescer. Após
nove anos em queda, o número de assassinatos na cidade
de São Paulo subiu 23% -no Estado a alta foi de 7%. Os sequestros e roubos a banco também
aumentaram na capital, enquanto os roubos e latrocínios caíram.
A cúpula da Segurança Pública,
aparentemente surpreendida
pelos números, classificou-os
como uma oscilação compreensível após "longo período de redução dos homicídios".
Mas o fato é que as estatísticas
de criminalidade divulgadas no
início de fevereiro já apontavam
uma inflexão na curva dos assassinatos no Estado -com um aumento então concentrado no interior, que agora se estende à capital. Na época, o delegado-geral
da Polícia Civil, Domingos Paulo
Neto, atribuiu a piora nos índices
à crise pela qual o país passou no
final de 2008 e no início de 2009.
O diagnóstico -repetido pelo
ex-governador José Serra-
mostrou-se precipitado, já que o
aumento da violência no primeiro trimestre do ano ocorreu num
contexto de crescimento acelerado do país. Talvez o raciocínio
pudesse explicar a diminuição
dos crimes contra o patrimônio,
mas é insuficiente para iluminar
a evolução da taxa de homicídios.
As estratégias de prevenção
precisam levar em conta fatores
que escapam a esse esquema
simplório, como, por exemplo, as
disputas territoriais entre bandidos, a ação de grupos de extermínio e os crimes passionais.
O governo tem reequipado as
forças de segurança com mais
carros e helicópteros e, de fato,
conseguiu diminuir os roubos e
furtos. Mas precisará investir em
inteligência e aumentar ainda
mais a capacidade de rápida
identificação dos focos emergentes da violência no Estado. Elevar a taxa de elucidação de crimes, ainda muito baixa, também
é imperativo.
Texto Anterior: Editoriais: Caixa-preta Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Dono da bola Índice
|