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CONCESSÕES DESMEDIDAS
A Prefeitura de São Paulo
vem, sistematicamente, cedendo às demandas dos empresários de
ônibus sem exigir contrapartidas
que resultem na melhoria dos sistema público de transporte.
A mais recente concessão foi a renúncia a R$ 1,9 milhão mensais que
a prefeitura recebia a título de taxa de
gerenciamento do sistema. O poder
público abriu mão desses recursos
supostamente para que as empresas
atendessem à reivindicação de motoristas e cobradores de serem beneficiados com um convênio médico.
Se as facilidades oferecidas pela
prefeitura ao menos fossem acompanhadas de resultados qualitativos,
a situação não seria tão grave. Infelizmente, esse não é o caso.
Em abril, a municipalidade anunciou que bancaria 60% dos custos da
implantação de catracas eletrônicas.
Inicialmente, previa-se que as empresas arcariam com esse ônus. O
poder público também fechou os
olhos para outras promessas, muitas
delas firmadas em contrato.
As empresas descumpriram, por
exemplo, a meta de retirar de circulação todos os ônibus velhos, fabricados antes de 1991, e de adaptar 10%
dos veículos para a utilização de deficientes físicos. Para realizar o que
acabaram não realizando, as empresas haviam sido agraciadas, no ano
passado, com um generosíssimo
reajuste de tarifas: puderam majorar
seus preços em 21,74% contra uma
inflação de apenas 4,6%.
Levantamento realizado pelo Datafolha agora mostra que empresas
nem ao menos cumprem o número
de viagens contratadas com a prefeitura. A sondagem revela que chegam
a 10% os trajetos realizados apenas
parcialmente ou não realizados, contra uma média esperada de 3%.
Para uma prefeitura que, em tese,
tem como uma de suas prioridades o
bem-estar dos trabalhadores, a gestão do transporte de que se valem os
trabalhadores da maior cidade do
país está deixando muito a desejar.
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