São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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CONCESSÕES DESMEDIDAS

A Prefeitura de São Paulo vem, sistematicamente, cedendo às demandas dos empresários de ônibus sem exigir contrapartidas que resultem na melhoria dos sistema público de transporte.
A mais recente concessão foi a renúncia a R$ 1,9 milhão mensais que a prefeitura recebia a título de taxa de gerenciamento do sistema. O poder público abriu mão desses recursos supostamente para que as empresas atendessem à reivindicação de motoristas e cobradores de serem beneficiados com um convênio médico.
Se as facilidades oferecidas pela prefeitura ao menos fossem acompanhadas de resultados qualitativos, a situação não seria tão grave. Infelizmente, esse não é o caso.
Em abril, a municipalidade anunciou que bancaria 60% dos custos da implantação de catracas eletrônicas. Inicialmente, previa-se que as empresas arcariam com esse ônus. O poder público também fechou os olhos para outras promessas, muitas delas firmadas em contrato.
As empresas descumpriram, por exemplo, a meta de retirar de circulação todos os ônibus velhos, fabricados antes de 1991, e de adaptar 10% dos veículos para a utilização de deficientes físicos. Para realizar o que acabaram não realizando, as empresas haviam sido agraciadas, no ano passado, com um generosíssimo reajuste de tarifas: puderam majorar seus preços em 21,74% contra uma inflação de apenas 4,6%.
Levantamento realizado pelo Datafolha agora mostra que empresas nem ao menos cumprem o número de viagens contratadas com a prefeitura. A sondagem revela que chegam a 10% os trajetos realizados apenas parcialmente ou não realizados, contra uma média esperada de 3%.
Para uma prefeitura que, em tese, tem como uma de suas prioridades o bem-estar dos trabalhadores, a gestão do transporte de que se valem os trabalhadores da maior cidade do país está deixando muito a desejar.


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