São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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DOIS LANCES

O gol da Turquia e o de empate do Brasil retratam, de maneira condensada, respectivamente os principais defeitos e as principais virtudes da seleção brasileira de futebol na sua estréia na Copa do Mundo, na Coréia. O potencial técnico-ofensivo de quatro ou cinco jogadores contrastou com o jogo coletivo ruim.
Uma sucessão de falhas no setor defensivo da equipe brasileira possibilitou aos turcos abrirem o placar. O zagueiro Lúcio, após interceptar cruzamento do adversário, fez passe arriscado para Juninho, cercado por marcadores turcos. O meio-campista perdeu a bola, que foi em seguida lançada no costado da zaga verde-amarela, propiciando ao atacante turco um arremate livre de marcação, a alguns passos da pequena área.
Estão aí retratados a dificuldade em superar marcação ostensiva do adversário, o comportamento por vezes demasiadamente arriscado dos defensores e a indefinição do esquema de marcação com três zagueiros.
Faltou coordenação também às ações ofensivas do Brasil. Mas essa carência foi suprida, em parte, pelo talento de jogadores que atuam do meio do campo para a frente. No gol de empate, o passe longo e em projeção de Rivaldo encontrou Ronaldo no meio dos zagueiros turcos. O centroavante executou, lançando o corpo ao ar, um arremate difícil, milimetricamente preciso. Dos lampejos dessa dupla, bem como dos de Denílson, Juninho e, mais esporadicamente, Ronaldinho, surgiram as principais chances de gol do Brasil.
Não há muito o que Luiz Felipe Scolari possa fazer de agora em diante, senão sanar as falhas mais evidentes do sistema defensivo para potencializar o diferencial da equipe: a concentração de craques no ataque. Afinal, não se pode contar com a repetição de erros grosseiros da arbitragem como os de ontem, que decidiram a partida a favor do Brasil.


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