São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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CARLOS HEITOR CONY

Denílson

RIO DE JANEIRO - Estréia razoável a do Brasil nesta Copa do Mundo. A Turquia tem uma seleção boa, catimbada, um excelente goleiro, a vitória foi apertada, o pênalti que Rivaldo converteu no segundo gol foi macetado, a falta se deu fora da área e houve um pênalti contra o Brasil, logo no início do jogo, que o juiz, olhando para a bola, não viu. Coisas do futebol.
Mas o Brasil apareceu bem, com bom ataque e defesa medíocre; será difícil trazer o penta com a turma que temos lá atrás. Ronaldo fez sua melhor partida em seleção, teve oportunidades para marcar uns três ou quatro gols, mas o que fez valeu.
Só não entendi a demora de Felipão em escalar Denílson. É um jogador que, quando entra em campo, logo nas primeiras jogadas cria um clima de euforia, eletrizante. Ele deu passes preciosos que Luizão não soube aproveitar e, aqui entre nós, fez mais do que tapar o buraco aberto com a saída de Ronaldinho Gaúcho, que praticamente nada fez, tirante aquele chute a distância, quando o goleiro estava fora das traves.
Como estréia, repito, foi razoável, uma vez que a Turquia apresentou um bom futebol, bom domínio de bola, não é time de ser jogado fora.
Acredito que os demais jogos de nossa chave vão ser menos difíceis, mas, das quartas-de-final em diante, teremos problemas cada vez mais sérios. A fragilidade de nossa defesa é proporcional ao brilho de nosso ataque. Dirão vocês: sempre foi assim, o Brasil se destaca pelo futebol ofensivo.
Não se podem esquecer aqueles três gols da França no final da Copa de 98. As circunstâncias eram outras, concordo, mas a fragilidade de nossa defesa era a mesma.
Como simples torcedor, com direito a dar palpite, com um cento e setenta milhões de avos de razão, reclamo a presença de Denílson, que me parece em sua melhor forma. E, pela primeira vez, admito que Ronaldo merece realmente a fama que tem.


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