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FERNANDO RODRIGUES
A popularidade recorde de Lula
BRASÍLIA - O país está mergulhado
em uma crise econômica profunda.
As empresas estão endividadas até o
pescoço. Os juros vão cair pouco ou
nada nos próximos meses. O desemprego bate recorde atrás de recorde.
A fase dois do governo Lula se resume a esperar que os EUA voltem a
crescer. Mas os EUA estão quase em
recessão. Europa e Japão idem.
O sucesso de Lula com o "establishment" se dá mais pelo que o governo
não fez (deixou a política econômica
intacta) do que pelo que fez (quase
nada, exceto lotear cargos e tentar tomar pé da administração).
No exterior, o presidente Lula propõe platitudes populistas. Taxar o comércio de armas é um exemplo. Vamos ver, disseram os países ricos. No
final, nenhuma menção no documento do encontro do G8. Tudo bem,
as manchetes na mídia amiga já estavam encaçapadas.
Apesar desse pastel de vento, Lula é
detentor de uma marca recorde na
sua popularidade, segundo pesquisa
CNT/Sensus divulgada ontem.
A popularidade do presidente foi de
47,7% em abril para 51,6% em maio.
A avaliação negativa saiu de 9,4%
para 7,2%. O desempenho pessoal de
Lula é aprovado por 78% dos entrevistados pelo Sensus.
A comparação com FHC é inevitável. Após cinco meses de mandato,
numa pesquisa com metodologia
bem similar, o tucano estava com
41% de popularidade. Ou seja, com
10,6 pontos percentuais a menos do
que o petista Lula.
Esse paradoxo obtido por Lula anima os seus aliados e mascara parte
dos problemas que o país enfrenta.
Para o governo, ótimo. Para o Brasil,
nem tanto. Até porque com um patrimônio desse tamanho o Palácio do
Planalto poderia apresentar propostas de reformas mais sofisticadas do
que as que tramitam no Congresso
-por exemplo, forçar já alguma modificação nas fracas leis sobre partidos e eleições.
Ainda há tempo. Não há, entretanto, sinal de que Lula se interesse. Distribuir cargos é mais fácil.
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