RIO DE JANEIRO - Entre muitas coisas, ignoro quem inventou o ditado "cada macaco no seu galho". Foi o que comprovei quando, num campeonato antigo aqui no Rio, vi Zezé Moreira, então técnico do Fluminense, escalar Didi para o miolo da área e colocar Robson, reserva de Didi, na armação do time.
Um desastre. Prisioneiro na entrada da área adversária, Didi conseguiu fazer um gol, mas o time não se armou, ficou em frangalhos. Ele era, disparado, o maior armador do futebol brasileiro naquele e talvez em todos os tempos.
Lembro esse episódio quando vejo que os Didis de hoje, deslocados para a área adversária, ainda não se encontraram, Não se improvisa um armador no futebol, como não cai do céu um executivo capaz de fazer um governo rolar.
Penso nos excelentes quadros do PT que estão por aí, meio perdidos com a nova posição que ocupam no gramado. Zé Dirceu, Mercadante, Genoino, a turma lá de trás, com gente que acredita no Brasil e procura criar uma sociedade mais justa. Todos parecem deslocados, suando a camisa para acertar, mas encabulados, sem intimidade com o poder e, o que é pior, sem o comando central do grande líder, o técnico que, bem ou mal, levou o PT ao governo.
Já disse aqui que Lula se tem revelado uma excelente rainha da Inglaterra. A idéia de propor o Fome Zero ao resto do mundo na reunião do G8 é uma jogada genial para compor sua realeza de líder popular. Mas, no varejo, ele não ainda não saiu do discurso, da casca de candidato que encobre a sua verdadeira vocação, o seu natural estilo. Nota-se que ele gosta do poder, adora-o, como a criança que, certo dia, em casa ou na escola, ganha o direito de fazer tudo.
Há muito de infantil em suas andanças de presidente. E ele acerta sempre quando se sente liberado do dever de governar, de gerir a sociedade tal como ela se apresenta e como ele gostaria que fosse.


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