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AGÊNCIAS DE PÂNICO
O processo sucessório, em si,
é suficiente para ensejar incertezas nos agentes financeiros em relação ao Brasil. Uma declaração infeliz do presidente da República -que
admitia veladamente a possibilidade
da "argentinização" do país- contribuiu para aumentar a temperatura
dessa fervura. Agora, com o epicentro da instabilidade migrando rapidamente para o núcleo do capitalismo global (a economia dos Estados
Unidos), o terreno da disputa política no Brasil ganha um complicador
sobre o qual nenhuma das candidaturas exerce controle.
Em momentos como esse é infelizmente natural que as agências globais de risco exagerem em suas atribuições pessimistas sobre a capacidade financeira do Estado e das empresas brasileiras, o que a Standard
& Poor's acabou de fazer.
Esbravejar contra a pobreza das
análises feitas por essas instituições
ou contra um suposto vezo persecutório de seus vaticínios de pouco
adiantará para reverter a sua tendência de enxergar as perspectivas da
economia brasileira com desconfiança crescente. Regular o comportamento dessas agências está muito
além da alçada do poder público brasileiro. O corolário é perverso: o Brasil sofre as consequências nefastas
dessa maré pessimista sem poder
atuar diretamente para revertê-la.
Nesse contexto, os protagonistas
da disputa sucessória já darão uma
grande contribuição se cessarem de
fornecer subsídios gratuitos para o
pânico dos agentes financeiros.
Tudo somado, seria altamente desejável que os candidatos deixassem
a agenda negativa e se esforçassem
por expressar suas respostas programáticas ao problema interno que
contribui enormemente para as turbulências por que passa o país neste
momento: a vulnerabilidade externa.
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