São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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AGÊNCIAS DE PÂNICO

O processo sucessório, em si, é suficiente para ensejar incertezas nos agentes financeiros em relação ao Brasil. Uma declaração infeliz do presidente da República -que admitia veladamente a possibilidade da "argentinização" do país- contribuiu para aumentar a temperatura dessa fervura. Agora, com o epicentro da instabilidade migrando rapidamente para o núcleo do capitalismo global (a economia dos Estados Unidos), o terreno da disputa política no Brasil ganha um complicador sobre o qual nenhuma das candidaturas exerce controle.
Em momentos como esse é infelizmente natural que as agências globais de risco exagerem em suas atribuições pessimistas sobre a capacidade financeira do Estado e das empresas brasileiras, o que a Standard & Poor's acabou de fazer.
Esbravejar contra a pobreza das análises feitas por essas instituições ou contra um suposto vezo persecutório de seus vaticínios de pouco adiantará para reverter a sua tendência de enxergar as perspectivas da economia brasileira com desconfiança crescente. Regular o comportamento dessas agências está muito além da alçada do poder público brasileiro. O corolário é perverso: o Brasil sofre as consequências nefastas dessa maré pessimista sem poder atuar diretamente para revertê-la.
Nesse contexto, os protagonistas da disputa sucessória já darão uma grande contribuição se cessarem de fornecer subsídios gratuitos para o pânico dos agentes financeiros.
Tudo somado, seria altamente desejável que os candidatos deixassem a agenda negativa e se esforçassem por expressar suas respostas programáticas ao problema interno que contribui enormemente para as turbulências por que passa o país neste momento: a vulnerabilidade externa.


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