São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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ALARME NA AIDS

A epidemia de Aids é global, e as perspectivas de controlá-la nunca pareceram tão sombrias. Alguns documentos divulgados pelas Nações Unidas anteontem trazem uma série de más notícias.
Para começar, a epidemia está apenas no início. Vários especialistas em saúde pública acreditavam que, quando o número de pessoas infectadas atingisse um certo nível, as taxas de propagação da doença tenderiam a estabilizar-se. Não foi o que se verificou nos países mais afetados. Em Botsuana, por exemplo, a nação mais castigada pela Aids no mundo, a taxas de infecção entre adultos chegaram a 36% dois anos atrás e não pararam de subir. Hoje 39% dos adultos têm o vírus.
Modelos epidemiológicos de longo prazo desenvolvidos especialmente para a moléstia mostram que, se nada for feito, mais 65 milhões de pessoas morrerão em consequência da enfermidade até 2020 nos 45 países mais afetados. Isso é cinco vezes mais do que o registrado nos primeiros 20 anos da epidemia.
A Aids é hoje a quarta maior causa de morte no mundo. Sem uma rápida queda na taxa de novas infecções, o número de mortos produzidos pela Aids até 2020 será próximo ao total de pessoas que perderam a vida em todas as guerras do século 20.
A África segue liderando as estatísticas da morte. Ela tem 70% dos cerca de 40 milhões de infectados pelo HIV. Mas os números vêm crescendo de forma preocupante também na Ásia e na Europa oriental.
Tratamentos com drogas anti-retrovirais, que são capazes de prolongar e aumentar a qualidade da vida dos soropositivos, estão ao alcance de apenas 700 mil portadores de HIV, o que representa 1,75% do total.
A melhor forma de tentar reverter esse quadro é investir em informação. Pesquisas realizadas em 60 países indicam que mais de 50% dos jovens entre 15 e 24 anos não têm a menor idéia de como a infecção se propaga ou de como podem proteger-se da moléstia. Esse é o caminho. Agora falta conseguir os bilhões de dólares necessários para trilhá-lo.


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