São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Mês novo, vida nova

BRASÍLIA - O Planalto acertou ao desdenhar o crescimento de Alckmin e alegar que "junho foi o mês deles". De fato, foi quando Alckmin teve a maior exposição, com os programas de rádio e TV do PSDB apresentando o candidato e tentando aprofundar as qualidades que o eleitor, com ou sem razão, reconhece nele. Foi também em junho que o PFL usou seu tempo para bater pesado no PT, querendo conter a migração de votos de outros candidatos para Lula.
Mas, assim como junho foi o mês "deles" (tucanos e pefelistas), todos os meses anteriores foram de Lula, que teve uma superexposição na TV, no rádio e nos jornais compatível com a sua condição de presidente-candidato -ou seja, enorme.
Bastava uma metáfora e Lula estava em todos os telejornais e nas manchetes. E ele surfou bem em ondas como a da Petrobras, chegando com índices consistentes nas pesquisas a um momento decisivo: o de atrair forças e aliados políticos nos Estados.
Agora, a partir de julho, a Justiça Eleitoral limita a simbiose presidente-candidato, e não há mais os programas de Alckmin. A campanha entra numa nova fase, mais equilibrada entre os dois e com Heloísa Helena e Cristovam Buarque também ocupando espaço, apesar de proporcional aos seus índices.
Lula e Alckmin vão ter palanques em quase todos Estados. O problema são as traições, o dito pelo não dito, os acertos por baixo dos panos. Candidato forte atrai, candidato fraco afasta. Lula está atraindo o PMDB, e Alckmin corre, ou corria, o risco de ver alguns tucanos e muitos pefelistas escorrendo-lhe pelos dedos para o campo adversário.
É esse movimento que os 29% no Datafolha podem conter. Mas Alckmin precisa agir, a começar no Ceará, onde o governador tucano Lúcio Alcântara fala num palanque "Lu-Lu" (Lula-Lúcio), em plena casa do presidente do PSDB, Tasso Jereissati. Não há campanha que agüente.


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