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SERGIO COSTA
Anti-racismo de butique
RIO DE JANEIRO - Na Copa do
Mundo, a poderosa e bilionária Fifa
-com sede na Suíça- faz campanha politicamente correta contra o
racismo, mas... os meninos que têm
entrado em campo de mãos dadas
com as seleções são em sua ampla
maioria brancos, louros, de bochechas rosadas. Colocaram até um
gordinho para escoltar Ronaldo.
Em compensação, a rica França
faz sua parte -pena que apenas no
futebol, não nos subúrbios de Paris.
Nossos tradicionais algozes gostam
de encher os Champs- Elysées para
celebrar as façanhas de um time em
que bem mais da metade é composta por negros.
De quebra, a lenda que nos mostrou em duas copas que o verdadeiro futebol brasileiro se escreve com
Z -de Zidane- é filho de argelinos,
ou seja, de africanos.
Mas ainda assim é curioso constatar que, na Copa contra o racismo,
os finalistas sejam todos europeus.
Quatro dos mercados mais ricos do
futebol, que importam a peso do euro jogadores de todo o planeta para
satisfazer o apetite de seu principal
público, o consumidor europeu.
Nestas finais, na bola ou no apito,
não terão mais lugar latino-americanos, africanos e asiáticos, fornecedores de boa parte da mão-de-obra para o show sem fim das ligas
poderosas nas TVs do mundo afora.
Na Copa contra o racismo, quem
levantará a taça no fim não será o
mulato Cafu (que a ergueu em campos asiáticos), mas um europeu.
Ainda que caiba ao "argelino" Zidane, será a imagem de um capitão em
seu próprio campo, o do valorizado
euro, como normalmente acontece
de oito em oito anos.
Alemães, franceses, italianos e os
penetras portugueses reafirmarão,
domingo que vem, quem é o dono
do mundo da bola e dos negócios ao
redor dela. Nossa chance -latinos,
mulatos, negros, amarelos- será na
África do Sul, em 2010, na fase de
expansão do mercado.
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