São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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SALVAR O MAR MORTO

Enquanto a situação entre israelenses e palestinos se deteriora a cada dia que passa, surge em Johannesburgo, na África do Sul, uma boa notícia de cooperação entre judeus e árabes. As delegações de Israel e da Jordânia à Cúpula do Desenvolvimento Sustentável anunciaram um acordo para tentar salvar o mar Morto, na fronteira entre os dois países, que vem sofrendo um acelerado processo de secagem.
De surpresa, ministros de Israel e da Jordânia tornaram público um plano para construir um duto de 300 km que permitirá bombear água do mar Vermelho para o mar Morto. Originalmente, o mar Morto era alimentado pelo rio Jordão, mas, atualmente, quase toda a água desse curso fluvial vem sendo utilizada pelas populações locais para irrigação. Assim, o nível do mar Morto vem recuando 90 cm por ano. Se nada for feito, dentro de 50 anos a porção de água mais salgada do planeta terá só a metade de seu tamanho atual. Segundo os ministros, o duto, que deverá custar US$ 1 bilhão, poderá ficar pronto em dois ou três anos.
As relações de Israel com a Jordânia atravessam momentos difíceis por causa do conflito com os palestinos. Assim, paradoxalmente, portanto, o anúncio de uma parceria entre o Estado judeu e o reino hachemita no campo ambiental se torna ainda mais significativa. Os dois lados perceberam que o grave problema da secagem do mar Morto não pode esperar até que o clima político entre judeus e árabes melhore. Ameaças ambientais não respeitam fronteiras ou barreiras religiosas e ideológicas.
No que parece uma declaração exageradamente otimista, Hazim el Naser, ministro jordaniano da Água e Irrigação, afirmou que "as pessoas estão dizendo que a água vai causar guerras. Nós na região estamos dizendo "não". A água vai melhorar a cooperação. Nós podemos construir a paz através da água". É ver para crer. Mesmo assim, o projeto para tentar salvar o mar Morto parece consistente e vem em boa hora.


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