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SALVAR O MAR MORTO
Enquanto a situação entre israelenses e palestinos se deteriora a cada dia que passa, surge em
Johannesburgo, na África do Sul,
uma boa notícia de cooperação entre
judeus e árabes. As delegações de Israel e da Jordânia à Cúpula do Desenvolvimento Sustentável anunciaram
um acordo para tentar salvar o mar
Morto, na fronteira entre os dois países, que vem sofrendo um acelerado
processo de secagem.
De surpresa, ministros de Israel e
da Jordânia tornaram público um
plano para construir um duto de 300
km que permitirá bombear água do
mar Vermelho para o mar Morto.
Originalmente, o mar Morto era alimentado pelo rio Jordão, mas, atualmente, quase toda a água desse curso fluvial vem sendo utilizada pelas
populações locais para irrigação. Assim, o nível do mar Morto vem recuando 90 cm por ano. Se nada for
feito, dentro de 50 anos a porção de
água mais salgada do planeta terá só
a metade de seu tamanho atual. Segundo os ministros, o duto, que deverá custar US$ 1 bilhão, poderá ficar
pronto em dois ou três anos.
As relações de Israel com a Jordânia
atravessam momentos difíceis por
causa do conflito com os palestinos.
Assim, paradoxalmente, portanto, o
anúncio de uma parceria entre o Estado judeu e o reino hachemita no
campo ambiental se torna ainda
mais significativa. Os dois lados perceberam que o grave problema da secagem do mar Morto não pode esperar até que o clima político entre judeus e árabes melhore. Ameaças ambientais não respeitam fronteiras ou
barreiras religiosas e ideológicas.
No que parece uma declaração exageradamente otimista, Hazim el Naser, ministro jordaniano da Água e
Irrigação, afirmou que "as pessoas
estão dizendo que a água vai causar
guerras. Nós na região estamos dizendo "não". A água vai melhorar a
cooperação. Nós podemos construir
a paz através da água". É ver para
crer. Mesmo assim, o projeto para
tentar salvar o mar Morto parece
consistente e vem em boa hora.
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