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O DINHEIRO DO TERROR
Existem no mundo 191 países
pertencentes à ONU. É praticamente impossível fazer com que todos eles tenham regras efetivas de
controle da lavagem de dinheiro.
Ainda que existisse um consenso
acerca das normas mínimas, não haveria meio de impô-las aos Estados
que não as desejassem.
É nesse contexto que se explica o
relativo fracasso das tentativas de
acabar com os meios de financiamento ao terrorismo. Nos primeiros
meses após os atentados de 11 de setembro de 2001, uma rápida mobilização de 144 países permitiu o congelamento de US$ 113 milhões supostamente pertencentes à rede terrorista Al Qaeda. Muito pouco se
avançou desde então.
Atividades ilegais geram, em todo
o mundo, várias centenas de bilhões
de dólares por ano. Esse enorme
montante de dinheiro precisa, pela
própria lógica do capitalismo, retornar de algum modo à economia. É aí
que entram a lavagem de dinheiro e
os paraísos fiscais. De resto, os sistemas usados para "esquentar" o dinheiro não costumam distinguir o tipo de crime que lhe deu origem -se
foi uma sonegação fiscal ou a venda
de toneladas de cocaína- e muito
menos para onde os recursos vão
-se para financiar um atentado ou a
compra de um jogador de futebol.
Uma dificuldade adicional no caso
do terrorismo islâmico está no fato
de que é dever do bom muçulmano
destinar 2,5% de seus rendimentos
aos pobres. É a "zakat", a esmola, na
falta de melhor tradução. Instituições beneficentes islâmicas recolhem esse dinheiro e o levam aos que
dele necessitam. É muito difícil distinguir entre usos legítimos e o financiamento, por exemplo, de escolas religiosas que instigam o terrorismo. A própria Al Qaeda receberia algo em torno de US$ 16 milhões
anuais via "zakat".
É preciso seguir com os esforços
para combater a lavagem de dinheiro
em nível mundial, mas seria ingenuidade esperar muito dessa frente de
batalha. A lavagem de dinheiro é um
subproduto do capitalismo.
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