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ELIANE CANTANHÊDE
A ilha
LUANDA - Não, não se trata de Cuba, tão estratégica para o bloco soviético nas décadas de 60 e 70, mas de São Tomé e Príncipe, uma ilhota que pode ser muito estratégica para os EUA, por exemplo, neste novo século. Não
uma, aliás, mas duas ilhas: São Tomé, a capital, e Príncipe, ao lado.
Quem anda por São Tomé e vê uma igrejinha, uma ou outra casa bonita, um mercado um tanto fétido e aquela gente alegre, de roupas de algodão colorido e cestos na cabeça não imagina a revolução que pode ocorrer ali. Não uma revolução idealista. Uma revolução econômica.
Apesar de ter apenas 1.000 km2 e 142 mil pessoas, São Tomé e Príncipe
é cercado de petróleo por todos os lados e pode se transformar, a longo
prazo, num dos países de maior renda per capita do mundo.
A capacidade estimada é de 11 bilhões de barris de petróleo, que o país
nunca explorou, mas vai começar já,
já. A primeira providência foi aliar-se à Nigéria, país rico, que nada em
petróleo e é muito amigo dos EUA. A
segunda foi fazer uma licitação internacional, ganha, evidentemente, por
uma empresa americana.
Agora, é sentar e esperar que os países ricos ou nem tanto comecem a
chegar aos montes a São Tomé. Taiwan já chegou. Lula acaba de chegar
para uma visita de oito horas e abrir
a primeira embaixada brasileira ali.
E os EUA? Provavelmente, estão sentados calmamente, sem pressa.
Enquanto o Brasil oferece aproximação diplomática e discursos políticos, boas intenções e programas de
cooperação contra a malária, por
exemplo, os americanos oferecem algo bem mais concreto: grana.
O presidente Fradique de Menezes
é um caso à parte. Empresário, fala,
além do português natal, inglês, francês e alemão. Parece estar fazendo tudo direitinho para atrair os holofotes
-e o dinheiro- do mundo.
É assim que muita coisa começa a
acontecer. E que a África, com toda a
sua miséria, a maior incidência de
Aids do mundo e guerras tribais que
nunca acabam, é uma das bolas da
vez. Foi isso que o Itamaraty viu. Foi
isso que Lula foi conferir in loco.
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