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O RISCO DE INVESTIR
Um tema recorrente no debate
acerca dos rumos da economia
brasileira diz respeito ao desestímulo
que a chamada "insegurança jurídica" representaria para o investidor.
Em resumo, segundo esse diagnóstico, falta às instituições brasileiras a
estabilidade necessária para atrair
mais investimentos de empresas estrangeiras e mesmo nacionais.
Além do risco de rompimento de
contratos ou de mudança de normas
governamentais, a "insegurança jurídica" também é freqüentemente
mencionada em alusão à carência de
regras para proteger os investimentos, notadamente em áreas mais dependentes do poder público, como é
o caso da energia e do saneamento.
Não há dúvida de que o Brasil ainda
precisa avançar nesse sentido, embora muito já se tenha feito nos últimos
anos, com a criação de agências e a
definição de marcos regulatórios para setores importantes, como o da telefonia. Pode-se mesmo dizer que
uma cultura de respeito a contratos
tem se fortalecido no país.
No entanto, existem problemas. A
Justiça brasileira é morosa e é comum que novos governantes mudem os parâmetros estabelecidos
por seus antecessores -nem sempre com bons motivos para fazê-lo.
No caso da administração Luiz Inácio Lula da Silva, embora afastados
os piores temores quanto a rupturas
contratuais, incertezas persistem aos
olhos do mercado, como o funcionamento prático das novas regras do
setor energético e a redefinição do
papel das agências regulatórias.
Reconhecer esse quadro não implica, porém, considerar legítimos todos os pleitos dos investidores, pois
há casos que equivalem a demandar
garantias de retorno, o que configuraria o contra-senso de suprimir o
risco inerente ao ato de investir.
Tampouco significa sancionar as
avaliações de que incertezas jurídicas
e regulatórias explicariam a timidez
do investimento no Brasil. Há, obviamente, outros fatores a considerar e
cujo peso é até maior.
O que em essência estimula o investidor é a perspectiva de retorno, e
isso depende, acima de tudo, da expansão das vendas, tanto internas
como externas, ao longo do tempo.
Para isso ocorrer há que se conquistar uma expansão econômica vigorosa e contínua. Basta observar o comportamento da economia brasileira
nos últimos anos para constatar que
ela não tem apresentado uma dinâmica que inspire confiança no seu
crescimento.
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