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Passo temerário
UM DOS TEMAS que mais
marcaram presença na
recente campanha eleitoral foi a necessidade de recuperar a capacidade de investimento
do setor público, tendo em vista
as flagrantes carências em campos como a infra-estrutura, a
educação e a saúde.
A pobreza do debate, no entanto -não só entre os postulantes à
Presidência mas também entre
os candidatos aos governos estaduais e a cargos legislativos-,
impediu maiores esclarecimentos a respeito de caminhos alternativos propostos para viabilizar
a recuperação sustentada do investimento público.
Um caminho indesejável é o do
aumento da dívida de governos
já altamente endividados. Penhorar o futuro, transferindo
ônus para gestões vindouras, é
um hábito tradicional, mas nefasto, de governantes brasileiros.
A Prefeitura de São Paulo se
destaca entre os governos altamente endividados do país. De
fato, entre os municípios, o seu
endividamento é de longe o
maior: sozinha, a prefeitura paulistana responde por cerca de
metade das dívidas de todos os
municípios brasileiros.
Não obstante, projeto de lei recentemente encaminhado à Câmara Municipal pelo prefeito
Gilberto Kassab propõe, essencialmente, a criação de uma empresa que permitiria à prefeitura
obter empréstimos oferecendo
como garantia aos credores recursos que tem a receber.
Trata-se, de maneira explícita,
de um estratagema para fugir a
restrições impostas pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. Pelos
critérios dessa norma, a prefeitura paulistana se encontra impedida de lançar títulos para se
financiar. Justamente por isso a
proposta, além de temerária,
tem legalidade duvidosa.
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