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FERNANDO RODRIGUES
Atraso sem fim
BRASÍLIA - Viajar de avião nos últimos dias foi uma oportunidade de
constatar, na prática, a distância
que separa o Brasil de um país desenvolvido. Ou de ser a nação onírica presente nos discursos de Lula
("a estrutura está pronta, só faltam
o madeiramento e o telhado").
É evidente que qualquer país está
sujeito a greves em setores importantes. O fato a ser notado é outro: a
quase total incapacidade de governo e iniciativa privada de reagirem
de maneira civilizada quando ocorre uma vicissitude como foi a ação
dos controladores de vôo.
Na quinta-feira, no final do dia,
quase cem pessoas se enfileiravam
para serem atendidas na loja da
TAM no aeroporto de Salvador. Só
dois funcionários estavam disponíveis para atendimento. Cenas semelhantes se repetiam na Gol e em
outras empresas menores.
É óbvio que essas companhias aéreas fizeram menos do que poderiam para minimizar os efeitos sobre os consumidores. Podem agora
divulgar comunicados relatando a
convocação de pessoal extra, eximindo-se de culpa. OK. Mas é pouco. TAM, Gol e outras não estão
preparadas para situações de crise.
Até porque custa dinheiro ter um
plano de emergência à mão -e gastar dinheiro não é com elas, mas,
sim, cobrar talvez uma das tarifas
aéreas mais caras do planeta.
Ao mesmo tempo, nada de funcionários da Infraero para oferecer
alguma palavra aos passageiros atônitos. A estatal se especializou em
fazer licitações milionárias para
construir salas de embarque com
piso de granito. Prestar um bom
serviço, nem pensar.
Como Lula e o governo cederam
aos controladores de vôo, logo todo
esse caos estará esquecido. Mas o
Brasil continuará um país cheio de
gargalos que impedem o espetáculo
do crescimento, prometido e nunca
cumprido por Lula.
frodriguesbsb@uol.com.br
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