São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2011

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ELIANE CANTANHÊDE

O mundo dá voltas

BRASÍLIA - O mundo efetivamente dá voltas. Houve um tempo longínquo em que o Brasil era um oásis para portugueses que não tinham onde cair mortos. Houve um tempo, até recente, em que Portugal foi um oásis para os brasileiros sem perspectiva -de renda e de vida. E eis que, com a crise econômica internacional, a direção da migração volta a se inverter. E traz problemas.
Nos anos de crescimento europeu, os dentistas brasileiros emigravam para Portugal, onde sofriam restrições e perseguições. Agora, com o crescimento brasileiro (apesar da queda nas previsões) e a crise na Europa, são os engenheiros, arquitetos, advogados e pilotos portugueses que sofrem constrangimentos, principalmente de ordem legal, mas também de ordem corporativa, para trabalhar em suas áreas no Brasil.
Esse foi um dos temas da conversa entre Dilma e o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, numa passagem-relâmpago dele por Brasília. E já há uma comissão dos dois governos tratando da questão, que interessa a centenas, talvez milhares, de profissionais de nível superior. Portugal, que já exportou garçons e faxineiras para Alemanha, Suíça e Áustria, hoje espanta mão de obra qualificada para o Brasil, um porto razoavelmente seguro.
Levantamento do Ministério da Justiça, publicado por "O Globo", mostra que o número de estrangeiros estudando, trabalhando ou acompanhando seus parceiros superou, pela primeira vez em 20 anos, o de brasileiros que foram viver no exterior.
Ou seja: em vez de só os brasileiros tentarem uma vida melhor no Primeiro Mundo, cidadãos dos países ricos e também (ou principalmente) da América Latina, da África e da Ásia fazem o caminho inverso.
Convém discutir seriamente a questão da mobilidade nesses tempos de globalização. Hoje, eles é que precisam entrar aqui. Amanhã, somos nós que precisaremos entrar lá de novo. Nunca se sabe...

elianec@uol.com.br


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