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Editoriais
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Pagamento devido
EIS QUE finalmente a Agência
Nacional de Energia Elétrica toma uma providência,
ainda que parcial, para impedir
as empresas concessionárias do
setor de continuarem a auferir
ganhos clandestinos nas contas
de luz. Desde 2002, cerca de R$ 1
bilhão era cobrado indevidamente, a cada ano, dos consumidores, que continuam sem garantias de reaver o prejuízo.
O problema foi gerado no cálculo do reajuste das tarifas, realizado anualmente pela Aneel.
Competia às distribuidoras de
energia recolher dos consumidores, e repassar integralmente ao
governo, 11 encargos setoriais
embutidos nas contas -destinados a financiar programas federais, como o Luz para Todos.
Na hora de calcular o novo
montante de tais repasses, a
agência considerava o consumo
de energia dos 12 meses anteriores. Ocorre que a demanda tende
a aumentar no ano seguinte, a
uma taxa média próxima dos 5%.
Assim, embora uma hipotética
distribuidora tivesse que arrecadar, pelos cálculos passados, R$ 1
bilhão para custear sua parte na
conta de encargos, o aumento da
demanda por energia levava essa
empresa a recolher, com os mesmos encargos, R$ 1,05 bilhão -e
os R$ 50 milhões adicionais
eram embolsados.
Uma mudança nos contratos
de concessão, promovida nesta
semana pela agência, elimina a
distorção. A medida deve ser
saudada, mas a Aneel reluta em
sanar de vez o problema.
A agência diz que o consumidor não tem direito ao que já foi
pago, pois os reajustes seguiam
os contratos do setor. Mas a
questão só será equacionada de
modo satisfatório quando se encontrar um instrumento capaz
de ressarcir quem pagou contas
com valores errados. O melhor
seria a própria agência propor
uma fórmula, antes que o caso
gere uma onda de previsíveis e
legítimos recursos à Justiça.
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