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CLÓVIS ROSSI
Educação, matérias e dinheiro
SÃO PAULO - Pode ser uma boa
ideia trocar as 12 matérias curriculares do ensino médio por quatro
áreas temáticas, conforme planeja
o MEC, de acordo com a bela reportagem de Fábio Takahashi.
Mas pode ser também trocar seis
por meia dúzia se o Brasil não tomar a decisão de investir mais em
educação. Sei que há uma corrente
importante que diz que o gasto social brasileiro é elevado. O problema seria o mau uso dos recursos
empregados em, por exemplo, educação e saúde, os dois nós históricos
do subdesenvolvimento.
Mas duas pesquisadoras resolveram comparar o gasto educacional
do Brasil com o de três países mais
bem colocados no exame Pisa, promovido pela OCDE (Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, clubão dos 30
países mais ricos do mundo, do qual
o Brasil só não participa porque
não quer).
As moças chamam-se Celia Lessa
Kerstenetzky, professora da Faculdade de Economia da Universidade
Federal Fluminense e diretora do
Centro de Estudos sobre Desigualdade e Desenvolvimento, e Livia Vilas Boas, doutoranda em economia.
Conclusão: o Brasil precisa, sim,
aumentar o gasto em educação
mesmo na comparação com o Chile, o de pior desempenho no Pisa
entre os três países usados para
comparação. O Chile é o 40º colocado, ainda assim 14 posições acima
da brasileira.
Para empatar com o Chile, o Brasil teria que dobrar o seu investimento na área, ou seja, gastar o
equivalente a mais 5,6% de seu PIB
(medida da produção de bens e serviços). Para se equiparar à Coreia
do Sul, 11ª colocada, o acréscimo no
gasto teria de ser de 12,2%. Nem vale a pena falar da Finlândia, campeã
mundial de qualidade na educação,
porque é covardia.
Resumo: ou fazemos uma revolução educacional ou continuaremos
a passar vergonha.
crossi@uol.com.br
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