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RUY CASTRO
Notícias que eu não tive onde pôr
RIO DE JANEIRO - O hábito de
ler jornais me levou, desde sempre,
a outra mania: a de recortar certas
notícias que me pareciam importantíssimas, com vistas a, um dia,
fazer algo com elas -uma citação,
um artigo, quem sabe um ensaio. O
fato é que os recortes se acumulam
e, de anos em anos, em meio a uma
limpeza geral, descubro que não fiz
nada. Eis alguns que emergiram na
última faxina.
Em 2006, num lago da Alemanha, um cisne negro se apaixonou
por um pedalinho de plástico em
forma de cisne. Ficava dando voltas
ao redor do brinquedo e emitindo
sons musicais. Quem tentava tomar
o pedalinho para passear era atacado pelo cisne. Os biólogos estavam
preocupados por aquela ser uma
relação estéril.
No mesmo ano, um zoológico em
Bancoc resolveu dar aulas de sexo
para seu casal de pandas, exibindo
vídeos de pandas copulando. A ideia
era induzi-los a deixar de ser tão borocoxôs e aprender a mecânica da
coisa. Já na Carolina do Norte, cientistas criaram em laboratório um
pênis inteiramente biológico para
coelhos com disfunção erétil. E, em
Johannesburgo, observadores convenceram-se de que os golfinhos,
apesar do cérebro avantajado, são
mais estúpidos que um peixinho de
aquário.
Uma equipe internacional de
pesquisadores descobriu que o ouriço-do-mar compartilha mais de
7.000 genes com o ser humano. Os
ouriços-do-mar vibraram com a
notícia, a qual deixa mal os seres
humanos. Falando em ouriço, na
Sérvia, um homem precisou de uma
cirurgia de emergência depois de
fazer sexo com um porco-espinho.
O porco-espinho saiu ileso. E, na
Bahia, um deputado do PT descreveu em plenário o seu desconforto
por ter sido submetido, horas antes,
a um exame de próstata -disse que
ainda estava "vendo estrelas".
Pensando bem, não eram notícias tão importantes assim.
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