São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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RUY CASTRO

Notícias que eu não tive onde pôr

RIO DE JANEIRO - O hábito de ler jornais me levou, desde sempre, a outra mania: a de recortar certas notícias que me pareciam importantíssimas, com vistas a, um dia, fazer algo com elas -uma citação, um artigo, quem sabe um ensaio. O fato é que os recortes se acumulam e, de anos em anos, em meio a uma limpeza geral, descubro que não fiz nada. Eis alguns que emergiram na última faxina.
Em 2006, num lago da Alemanha, um cisne negro se apaixonou por um pedalinho de plástico em forma de cisne. Ficava dando voltas ao redor do brinquedo e emitindo sons musicais. Quem tentava tomar o pedalinho para passear era atacado pelo cisne. Os biólogos estavam preocupados por aquela ser uma relação estéril.
No mesmo ano, um zoológico em Bancoc resolveu dar aulas de sexo para seu casal de pandas, exibindo vídeos de pandas copulando. A ideia era induzi-los a deixar de ser tão borocoxôs e aprender a mecânica da coisa. Já na Carolina do Norte, cientistas criaram em laboratório um pênis inteiramente biológico para coelhos com disfunção erétil. E, em Johannesburgo, observadores convenceram-se de que os golfinhos, apesar do cérebro avantajado, são mais estúpidos que um peixinho de aquário.
Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que o ouriço-do-mar compartilha mais de 7.000 genes com o ser humano. Os ouriços-do-mar vibraram com a notícia, a qual deixa mal os seres humanos. Falando em ouriço, na Sérvia, um homem precisou de uma cirurgia de emergência depois de fazer sexo com um porco-espinho. O porco-espinho saiu ileso. E, na Bahia, um deputado do PT descreveu em plenário o seu desconforto por ter sido submetido, horas antes, a um exame de próstata -disse que ainda estava "vendo estrelas".
Pensando bem, não eram notícias tão importantes assim.


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