São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Um ano de mensalão

BRASÍLIA - Amanhã completa-se um ano da publicação da primeira entrevista de Roberto Jefferson à Folha, quando o neologismo mensalão passou a fazer parte do dicionário da política nacional. Nesses 12 meses, o presidente da República poderia ter caído com um justo processo de impeachment, a oposição refugou várias vezes (por também ter vários integrantes encrencados) e a população brasileira exerceu o seu secular direito de não fazer nada. O ápice da crise se deu em 11 de agosto de 2005, quando Duda Mendonça, o marqueteiro de Lula em 2002, admitiu ter recebido ilegalmente R$ 10,5 milhões no exterior por conta das campanhas que produziu para o PT. Petistas choraram. A oposição se enxergou vencendo a próxima eleição e poupou o governo. Hoje, Lula é favorito à reeleição. É fácil imaginar o que teria acontecido se fato análogo tivesse ocorrido no governo anterior. Por exemplo, se Fernando Henrique Cardoso enfrentasse uma das CPIs que mandou engavetar e por lá aparecesse seu publicitário dizendo ter recebido mais de R$ 10 milhões no exterior. O que o PT teria feito numa situação dessas? Não é desprezível a memória do mensalão a partir dos comerciais eleitorais. São devastadoras as imagens de petistas mentindo nas CPIs e de Lula dizendo que todos fazem caixa dois. Mas política é feita de momentos. De oportunidades. Quando passa da hora, é difícil fazer o relógio voltar no tempo. Que efeito eleitoral tiveram para FHC as acusações de compra de votos e de manipulação no leilão da Telebrás? Praticamente zero. Em resumo, o mensalão completa um ano e seu efeito tende a ser pequeno em outubro. Poderia ser maior, mas a oposição não quis aproveitar quando teve a chance.


@ - frodriguesbsb@uol.com.br


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