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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Esse Paulinho
SÃO PAULO - Discursando outro
dia diante de sindicalistas, Paulo
Pereira da Silva chamou José Serra
de "esse sujeito". Repetiu o tratamento pelo menos três vezes. Apesar da sua naturalidade, tratava-se
de uma grossura premeditada.
As pessoas que se incomodaram
-e com razão- deveriam refletir
por que talvez não sintam a mesma
indignação quando Lula é tratado
assim, como "esse sujeito" (ou variações), o que, aliás, é mais comum. Isso talvez nos ajude a entender certas encrencas brasileiras.
Mas nosso assunto é Paulinho.
Na divisão das tarefas da campanha de Dilma Rousseff, a ele parece
ter sido reservado o que, com eufemismo, se chamaria de "serviço pesado". Pregando em público, Paulinho dizia que Serra -"esse sujeito
que fica aí tentando ganhar a eleição"- quer "tirar o direito dos trabalhadores, mexer no fundo de garantia, nas férias, na licença-maternidade". Ou seja, Paulinho age como quem recebeu uma espécie de
licença-malandragem para propagar inverdades sobre seu desafeto.
Coerência não é o seu forte. Em
1998, o líder da Força Sindical
apoiou a reeleição de FHC; em
2002, foi vice de Ciro Gomes; em
2004, na eleição à prefeitura paulistana, deu seu voto a "esse sujeito"
-sim, José Serra- contra Marta Suplicy. De lá para cá, vem se acomodando no colo macio do lulismo.
Este é o lado edificante da trajetória deste representante do peleguismo de resultados que se aninhou no Estado. O outro lado, como se sabe, é assunto da PF.
Lula passou a vida defendendo a
liberdade sindical, falando contra a
obrigatoriedade do imposto instituído pelo Estado Novo. No poder,
não só preservou o traço autoritário
da herança getulista como, não satisfeito, mudou a lei para repassar
às centrais uma parte do bolo arrecadado. Paulinho faz parte da oligarquia sindical que se alimenta do
imposto descontado compulsoriamente do trabalhador brasileiro.
Lula pôs o sindicalismo no bolso.
E Paulinho é o Lula paraguaio.
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