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CLÓVIS ROSSI
Burocracia e alunos
LISBOA - A burocracia tupiniquim, que o brasileiro, impotente,
ama odiar, é filha de Portugal, claro.
Pombalina, li uma vez. Como não
sou especialista no marquês (de
Pombal), não sei se é ou não justa a
acusação (ou constatação).
Mas os filhos do marquês deram
um passo adiante: o "Diário da República", o diário oficial da terra,
deixa de circular em papel até o final do ano. Vira eletrônico.
É evidente que não acaba com a
burocracia, mas acaba com pelo
menos uma de suas mais inúteis
práticas: "Para publicar um decreto
[no "Diário da República" em papel], é preciso a Guarda Nacional
Republicana percorrer Lisboa para
recolher as assinaturas necessárias.
A partir de agora, isso será dispensado com toda a segurança", diz o
primeiro-ministro José Sócrates
(Partido Socialista).
Algo é algo. Olhe agora para o futebol, exatamente a única atividade
em que o Brasil é terra de excelência mesmo após a derrota, e veja o
que diz um professor de economia,
Álvaro Santos Pereira, português
que leciona na Universidade britânica de York:
"O ponto de inflexão na trajectória da equipa nacional ocorreu há
cerca de 15 anos, quando a qualidade excepcional de vários talentos
emergentes foi combinada com
uma melhoria significativa na organização da gestão das equipas nacionais em todos os escalões etários", escreveu o professor para o
caderno econômico do "Diário de
Notícias".
Não é preciso pós-graduação em
futebol para saber que, se há algo
pior que a gestão pública no Brasil,
é a gestão dos clubes de futebol,
bem ao contrário do que diz Santos
Pereira sobre Portugal.
Não, não estou dizendo que Portugal é o melhor país do mundo ou
que será campeão mundial de futebol. Só estou dizendo que, às vezes,
os alunos conseguem superar os
mestres. Para pior.
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