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FERNANDO RODRIGUES
Campanha analógica
BRASÍLIA - Exceto pela febre no
Twitter e pelas declarações desastradas de alguns políticos, a internet terá um papel limitado no atual
processo eleitoral brasileiro.
Há várias razões para esse atraso. Embora cerca de 70 milhões de
pessoas já tenham acesso à rede
mundial de computadores, a conexão da maioria é de baixa qualidade. A banda larga no Brasil é estreita. Um aspecto, entretanto, parece
ser o responsável principal para o
país ainda ter uma eleição "desconectada": o excesso de burocracia e
a falta de tecnologia para facilitar
doações por meio da web.
Ao longo de seus quase dois anos
de campanha, Barack Obama montou uma rede de 3 milhões de doadores. Recebeu cerca de 6 milhões
de doações em valores até US$ 100.
Como comparação, em 2006, Lula
teve 1.634 doadores.
No Brasil, a campanha oficial começa apenas hoje, dia 5 de julho,
quando estarão registradas todas
as candidaturas. Os políticos só têm
três meses para montar suas redes
de colaboradores.
Vários estão tentando. Nenhum
ainda teve sucesso. Nos EUA, o
doador vai ao site do candidato de
sua preferência, avista uma página
com os ícones das principais bandeiras de cartões de crédito, clica
na opção desejada, informa o valor
e envia o dinheiro pela web. A conta vem na fatura do cartão. A operação dura cerca de um minuto.
No Brasil, os partidos escorregaram num mata-burro: a lei determina que todas as doações eleitorais
tenham um recibo, identificando
quem deu o dinheiro, com os dados
completos, inclusive o CPF. Esse é o
problema: o CPF.
As administradoras de cartões de
crédito tiraram o corpo fora. Quem
tem o CPF do cliente são os bancos.
Agora, os partidos terão de abrir
contas em todos os principais bancos que fornecem cartões se quiserem massificar a estratégia. Mas a
chance de haver uma clicocracia a
la Obama por aqui é mínima.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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