São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

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LUIZ FERNANDO VIANNA

E agora, companheiro?

RIO DE JANEIRO - Após 16 anos como deputado federal, Fernando Gabeira estará em 2011 sem mandato parlamentar e sem nenhuma função política conquistada no voto.
Embora possa ser considerada até necessária, para quebrar o pensamento único que assola o Estado, sua candidatura a governador do Rio pelo PV é inglória. As pesquisas mostram que pode perder no primeiro turno.
A única chance que tem de derrotar o atual ocupante do cargo é que aflore algum escândalo nos próximos três meses. No entanto, por mais que se estranhe que um homem de classe média como Sérgio Cabral tenha comprado uma ampla casa no litoral fluminense vivendo há duas décadas como político profissional, ainda não se provou nada contra ele.
Na imprensa local, as reportagens críticas a seu governo são raríssimas. Predominam as loas diárias à sua política de segurança, o apoio entusiasmado à sua revolta contra a possível perda de royalties do petróleo, as referências simpáticas a ele em perfis e colunas.
Querido por jornalistas e respeitado por donos de jornal, Gabeira já não parece comover estes nem outros grupos, que estranham sua aliança pragmática com o DEM de Cesar Maia -logo ele, Gabeira, que foi o deputado federal mais votado do Rio em 2006 na esteira de discursos pela moralização da política.
A classe média está feliz com a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas favelas, a redução dos índices de criminalidade e a "sensação de segurança", como se escreve com frequência nos jornais cubanos, quer dizer, cariocas. Aquinhoados pelo cofre estadual, 91 dos 92 prefeitos apoiam Cabral -a exceção é Campos dos Goytacazes, do clã Garotinho.
Gabeira sairá da campanha ainda acreditando na política oficial ou, como outros, buscará caminhos para atuar longe dos balcões de negócios?


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