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VITÓRIA NA OMC
A Organização Mundial do
Comércio emitiu ontem um
parecer favorável à queixa do Brasil,
da Tailândia e da Austrália contra os
subsídios oferecidos pela União Européia a seus produtores de açúcar. A
UE subsidia fortemente o produto,
permitindo que suas exportações
mostrem-se artificialmente competitivas, o que retira importantes fatias
de mercado dos concorrentes. Segundo os produtores brasileiros, o
país deixa de exportar o correspondente a cerca de US$ 400 milhões por
ano com o protecionismo europeu.
Depois de ter tentado evitar, sem
êxito, que o assunto fosse levado à
OMC, a UE deu-se conta de que uma
decisão favorável aos queixosos seria
questão de tempo. Não por acaso, no
mês passado, a Comissão Européia,
o braço executivo do bloco, antecipou-se e anunciou uma revisão de
sua política para a produção de açúcar, na qual contemplava cortes nos
subsídios. A UE propôs que a produção subsidiada fosse gradualmente
reduzida, passando de 17,4 milhões
de toneladas para 14,6 milhões em
quatro anos, a partir de 2005.
O relatório da OMC fortaleceu a
posição do Brasil e seus aliados, que
poderão tentar apressar o cronograma e melhorar a proposta anunciada
voluntariamente pelos europeus
-que, por sua vez, deverão tentar recorrer da decisão e ganhar tempo.
O encaminhamento favorável da
questão do açúcar ocorre depois de o
Brasil ter obtido vitória semelhante
contra os subsídios norte-americanos ao algodão. São decisões bastante significativas se observadas no
contexto das discussões sobre liberalização do comércio global. Cada vez
mais um recuo dos países ricos na
questão agrícola parece inevitável,
como atestou o resultado da reunião
da OMC no fim de semana, que
aprovou, em princípio, a eliminação
de subsídios às exportações.
É certo que há uma distância entre
aprovar princípios e transformá-los
em fatos. É justamente para reduzir
esse intervalo que deve continuar
atuando a diplomacia brasileira.
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